Sobre este blog

Este nome é facilmente interpretado como 'Mundo Idiota', o que não deixa de ser, visto que atualmente vivemos em um mundo do TER e pior, do PARECER TER / SER, enquanto o que devemos valorizar é o SER. Mas o nome tem outro motivo. Uma pessoa que defende sua pátria é chamado de patriota, numa analogia a pessoa que defende o mundo seria o MUNDIOTA.
 

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A formiguinha feliz

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Todos os dias, bem cedinho, a Formiga produtiva e feliz chegava ao escritório. Ali transcorria os seus dias, trabalhando e cantarolando uma velha canção de amor.

Era produtiva e feliz, mas não era supervisionada. O Marimbondo, gerente geral, considerou o fato impossível e criou um cargo de supervisor, no qual colocaram uma Barata com muita experiência.

A primeira preocupação da Barata foi a de padronizar o horário de entrada e saída, além de preparar belíssimos relatórios.

Bem depressa se fez necessária uma secretária para ajudar a preparar os relatórios e, portanto, empregaram uma Aranhazinha, que organizou os arquivos e se ocupou do telefone. Enquanto isso, a Formiga produtiva e feliz trabalhava e trabalhava.

O Marimbondo, gerente geral, estava encantado com os relatórios da Barata, e terminou por pedir também quadros comparativos e gráficos, indicadores de gestão e analise das tendências. Foi, então, necessário empregar uma Mosca ajudante do supervisor, e foi preciso um novo computador com impressora colorida.

Logo a Formiga produtiva e feliz parou de cantarolar as suas melodias e começou a lamentar-se de toda aquela movimentação de papéis que tinha de ser feita.

O Marimbondo, gerente geral, concluiu, portanto, que era o momento de adotar medidas: criaram a posição de gestor da área onde a Formiga produtiva e feliz trabalhava. O cargo foi dado a uma Cigarra, que mandou colocar carpete no seu escritório e comprar uma cadeira especial. A nova gestora de área - claro - precisou de um computador novo, e quando se tem mais do que um computador, a Internet se faz necessária. A nova gestora logo precisou de um assistente (sua assistente na empresa anterior) para ajudá-la a preparar o plano estratégico e o orçamento para a área onde trabalhava a Formiga produtiva e feliz. A Formiga já não cantarolava mais, e cada dia se tornava mais irascível. “Precisaremos pagar para que seja feito um estudo sobre o ambiente de trabalho um dia desses”, disse a Cigarra. Mas um dia, o gerente geral - ao rever as cifras - se deu conta de que a unidade na qual a Formiga produtiva e feliz trabalhava não rendia muito mais.

E assim contratou a Coruja, consultora prestigiada, para que fizesse um diagnóstico da situação.

A Coruja permaneceu três meses nos escritórios e emitiu um relatório brilhante com vários volumes e custo de “vários” milhões, que concluia: 

“Há muita gente nesta empresa”. 

E assim, o gerente geral seguiu o conselho da consultora e demitiu a Formiga, por que andava muito desmotivada e aborrecida...

Esta é uma parábola sobre as empresas modernas. Creio que muitos identificarão essa história com o seu atual serviço, ou então um ex-serviço, ou o serviço de algum conhecido. Não significa que controles sejam desnecessários, no entanto é preciso cuidar para que ele seja feito do modo correto, no momento correto. Muitas empresas adoram contratar pessoas com EMIBIEI e deixam eles fazerem de tudo, afinal, são experientes. No entanto esquecem que talvez a realidade da empresa não justifica tal controle, ou querem o marketing de dizer para os outros que sua empresa é top, que faz tudo o que as maiores e melhores empresas do mundo fazem. Depois investem mais dinheiro para motivarem as ex-formiguinhas felizes....

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Da série "Das coisas que não entendo"

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Enfim, mais um dia de eleição. E como de praxe, assim que o representante máximo do poder executivo deste país - presidente - vai votar, pára a programação e mostra o momento. Bom, eu preferia muito mais continuar vendo o futsal, mas a TV prefere isso, então tá.

Mas não é isso que não entendo. Tem algumas ações no voto do presidente Lula que acho no mínimo estranhas. Primeiro, ele mora em Brasília - embora muitos achem que nem no Brasil ele more devido ao tempo que passa viajando - e vota em São Bernardo do Campo. Oras, o voto é algo para melhorar a nossa cidade, e quando digo nossa, é a cidade onde vivemos, e certamente conhecemos melhor os problemas. Acho estranho então isso, uma pessoa que mora há muitos quilômetros votar lá. Acho que a pobre Lavínia não conseguiu passar essa idéia para ele.
Outra coisa, para chegar até SBC ele foi de avião. Até aí tudo normal, mas em qual avião ele foi? Foi num vôo normal, pago por ele?. Claro que não né Carlos, ele pegou o avião presidencial, e ainda levou a mulher junto. Opa, péra aí. O dever (e não direito) de votar é do cidadão, e não do presidente, não é?
Segundo a CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988,
Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.
Pois bem, se todos são iguais, por que o cidadão tem à sua disposição um avião, seguranças e toda uma parafernália? Por que eu, um cidadão igual a ele tenho que pagar meu deslocamento até a zona eleitoral, e ele tem um avião cheio dos conforto para o mesmo ato? Que desrespeito à constituição!!!!!

Aqui consigo ver pessoas dizendo "Carlos, mas ele é o presidente do Brasil, e em todo o mundo isso acontece". Sei disso, mas pergunto "E daí? Só porque muitos países fazem isso não quer dizer que passou a ser certo, somente que passou a ser maioria". E ao presidente cabe muito mais dar exemplo. E para piorar, além disso tudo, ele nem enfrenta fila. A sala fica um bom tempo disponível somente para ele, assim ele vota sem os transtornos dos outros cidadãos, tão iguais a ele segundo a constituição. Como é que uma pessoa pode governar, se não enfrenta os mesmos problemas dos que governa, e quando possui a chance, burla e tem um mundo fantasioso criado?

Eis um imenso exemplo do desrespeito a Carta Magna. Se nem o mais ilustre representante deste país a respeita, como conseguirá exigir isso dos outros?

domingo, 26 de outubro de 2008

Meu blog não é diário

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A idéia do blog nasceu como sendo um diário virtual, onde as pessoas colocam na internet o ocorrido em suas vidas, num suceder de dias.
Bom, essa era o princípio, no entanto nem todos os blogs seguem isso, e o meu é um deles. Os assuntos que escrevo aqui raramente estão dentro de um tempo determinado. Disse raramente pois em algumas ocasiões aproveito fatos e falo sobre, não o fato em si, mas algumas análises as quais posso fazer sobre o ocorrido.

E mantendo este blog há pouco mais de 1 ano, e navegando em blogs também, percebi que é muito comum as pessoas verem somente o último texto, então resolvi criar esta série - Meu blog não é diário - onde sugerirei três artigos meu, com um pequeno comentário a respeito do que fala, para que assim quem não acompanhava este blog desde o início possa ter a chance de ler os textos.

  1. Políticos sempre são criticados, afinal, pensam somente em si, usam o povo para se elegerem, roubam, fazem um monte de coisas erradas. Mas será que eles somente passaram a ser assim depois de eleitos? Ou já eram assim antes? E será que os nossos atos não são parecidos com os deles?

  2. Somos um povo que adoramos desconto, afinal, estamos pagando menos do que o previsto. Estamos levando vantagem. Será mesmo que estamos? Será que o fato de alguém dar desconto é algo bom?

  3. Sempre nos espelhamos em alguém, superior a nós, para que nos sirvam de incentivo. Isso é válido, porém a escolha destas pessoas é que atualmente está meio equivocada. E será que esta escolha faz bem?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Espontaneidade

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Eu mantenho este blog há mais de 1 ano, e alegro-me por isso, ainda mais por sempre ter assuntos para escrever, propor minhas reflexões. E nesse período conheci um pouco mais do universo dos blogueiros. Vi que há os selos e memes, bem como também datas para blogagens coletivas. Nestas datas sugere-se que os blogueiros do mundo escrevam sobre um determinado assunto, sobre violência contra crianças, política, fome, pobreza, enfim, os assuntos são inúmeros.

E eu nunca participei de nenhum, tampouco me senti motivado a escrever. Então quer dizer que não concordo com os assuntos, ou que os ache sem importância e destoantes do que escrevo no blog? Não, não é esse o motivo.

Eu não escrevo pois não vejo espontaneidade nisso. Se alguém definiu que determinado dia os blogueiros deverão escrever sobre determinado tema, o que for escrito passa a ter um caráter mais burocrático, e nada espontâneo. E como disse em meu primeiro artigo, eu sou da turma dos que preferem a vontade, a iniciativa própria, o desejo à convenções definidas sabe-se lá Deus por quem.

Não que o que escrevam não seja bom, não nos provoque reflexão ou não ajude as pessoas a mudarem para melhor, mas o motivo não foi espontâneo, e isso para mim tem muito valor.
Será que todas as pessoas que escreveram recentemente sobre a pobreza realmente possuem tal preocupação, se preocupam todos os dias do ano? Será que estas pessoas, quando podem, fazem algo para minimizar isso, mesmo que seja a não compra de produtos, ou a diminuição dos exageros? Ou somente escreveram por ser o ‘dia para falar sobre pobreza’?
Particularmente, sempre tive problema com determinações – determinadas sabe-se lá por quem, e talvez isso seja devido ao fato que para mim isso me parece como retirada de liberdade, como imposição de algo, e isso eu realmente não aceito. Minha liberdade para mim é sagrada.

E é por este motivo que nunca gostei das datas comerciais. Dia dos pais, dia das mães, dia das namoradas, dia das crianças, dia dos avós, dia dos professores, dia do qualquer-categoria-que-possa-ser-criada-e-feita-uma-data-para-comércio-faturar. Vejo nas reportagens as pessoas se matando nas lojas para comprar presente pro pai, pra mãe, namorada, afinal, é o dia deles, e se não comprar presente (o que já não tem sentido) e principalmente neste dia então será a sentença definitiva que você não os ama, e não pensa neles.

Engraçado, quer dizer que só preciso pensar nisso um único dia por ano? O resto posso ignorar, tratar mal, fingir que não existe, e então, no fatídico dia faço o que ‘determinaram’ e tudo bem? Alguém, por favor, me explique a racionalidade disso.

Vejo muitas pessoas ‘felizes’ porque outras pessoas cumpriram certinho seu papel, fizerem o que determinaram na data certa. Parece que espontaneidade é algo démodé, que não tem valor.

Bom, se for démodé, então estou muito fora de moda, e pensando bem, felizmente, pois moda é só mais uma coisa que alguém determina.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

La garantia soy jo

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Garantia, eis mais uma coisa que não entendo. Todos os produtos que compramos possuem garantias, de 3 meses, 6 meses, 1 ano, etc.

E vejo pessoas contentes, afinal, é uma defesa para nós, consumidores. É bem melhor saber que se algo der problema, desde que no prazo, haverá um respaldo do fabricante. Não nego que o respaldo seja bom, mas vou um pouco além dessa análise. Vejo garantia como um claro sinal de que o produto que é produzido não é confiável, não é bom, e por isso precisa ter garantia. É a mesma coisa do papel passado na sociedade. De nada adianta a pessoa garantir que fará algo, é necessário ter um pouco de tinta gasto pela própria pessoa, pagando dinheiro para um órgão para que realmente a palavra dela ‘tenha’ valor. E eu que sou fã do “contrato de bigode”....

Para mim a garantia de um produto deveria ser a qualidade dele. Se a qualidade fosse realmente boa, se não desenvolvessem os produtos com os piores componentes, os mais baratos, mais suscetíveis para quebras, nem os desenvolvessem sob a ‘gerência’ da obsolescência programada (vejam matéria de Stephen Kanitz, onde ele comenta sobre isso e também economia) qualquer garantia seria desnecessária, afinal, não daria problema mesmo!!!

Ah, mas pode ser que um produto realmente dê problema. Verdade, sei disso, e SOMENTE nesse caso é que a garantia se faz necessária, mas isso deve ser exceção e não a regra, e mesmo assim a garantia deveria ser sobre toda a vida do produto, ou no mínimo por muito, mas muito mais tempo do que o atual, pois no nosso esquema atual, é só a pequena garantia acabar que problemas começam a aparecer magicamente!!!!! (se nunca percebeu isso, sinta-se um ser privilegiado)

E se as empresas realmente estivessem preocupadas com a qualidade, elas não colocariam como garantia a garantia mínima exigida por lei, mas sim a garantia em função da qualidade com a qual ela desenvolve seus produtos.

E tem solução para isso? Bom, no nosso mundindo capitalista tem, é só pagar mais para ser ‘beneficiado’ pela garantia estendida, que na verdade é uma forma de outras pessoas ganharem dinheiro sobre um produto, o qual teve a qualidade posta em segundo - quando com muita sorte - plano pelas empresas. Fora isso, somente com uma mudança de mentalidade e foco no que realmente é importante, que é o atendimento ao consumidor, a qualidade e não a rotatividade de produtos.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Eita povinho que critica

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Mais uma tragédia aconteceu neste país. Lamento não o fato de ser uma tragédia, mas o fato de ser mais uma tragédia, assim como o fato de não ser a última, assim como o fato de não mudar nada a realidade deste país, para que outras não ocorram. Esta tragédia somente serviu para que as TVs aumentassem a audiência, e para que especialistas em diversas áreas façam comentários a respeito, mesmo tendo somente como ‘informação’ hipóteses a respeito.

Mas não é sobre violência, namoro adolescente, imaturidade, ciúmes, passionalidade ou mídia que quero falar. Quero falar sobre as críticas que estão sendo feitas. A imprensa tem questionado ferozmente os policiais que comandaram a operação.

Claro que se eu for analisar pelo desfecho o pensamento rápido seria que a operação foi um fracasso, mas fazer isso seria leviano e precipitado. Esquecem que se tratava de uma situação altamente de risco, onde qualquer atitude poderia provocar a morte das pessoas. Na TV, vejo pessoas criticando a demora da polícia em agir, criticando o fato da adolescente ter voltado a cena do crime, criticando o fato de atiradores de elite não terem atirado no rapaz nas inúmeras oportunidade que tiveram, criticando o fato dos policiais que invadiram usarem armas não letais.
Será que esse povo não tem o que fazer?
Vamos refletir sobre cada um dos questionamentos que fiz.

1. “os policiais demoraram demais”
Sim, foram 100 horas de seqüestro. Mas e se a polícia tivesse invadido e o desfecho também fosse trágico? Será que estes seres desocupados não criticariam a ação da polícia, que não deram o tempo necessário para que o seqüestrador cansasse e tudo acabasse pacificamente?

2. “a volta da adolescente”
Pelo que ouvi do comandante, a mãe da adolescente havia concordado com a possibilidade dela conversar, sem voltar ao apartamento, e foi isso o acordado. E isso foi feito, porém parece que ela resolveu voltar. Depois ouvi a mãe dizendo que não havia autorizado nada. Mas independente da autorização, e se nessa volta ela conseguisse convencer o seqüestrador a terminar, teria sido um golpe de mestre da polícia?

3. “atiradores de elite não terem agido”
Pelo que li e vi, durante o seqüestro houve ao menos 5 possibilidades de atiradores de elite terem matado o seqüestrador. Agora, com a tragédia já ocorrida, o pessoal acha que deveriam ter feito isso. Mas se essa atitude fosse tomada, contra um jovem de 22 anos, que nunca havia tido passagem pela polícia, e que tinha seqüestrado por motivo passional, não haveria críticas?

4. “armas não letais”
Imagina, invadirem um cativeiro com armas não letais, que perigo!!! Onde já se viu isso? Mas e se a polícia tivesse invadido com armas letais e na troca de tiros algum tiro disparado pela polícia atingisse algum refém, não haveria críticas?

Não posso afirmar quais seriam as críticas, mas posso afirmar que viriam. Então fico pensando, qual o papel da imprensa? É divulgar informações ou ficar falando abobrinha para preencher a grade de programação e aumentar seu IBOPE?

Se não tem nada de útil a falar, que calem a boca então. Ainda mais quando as críticas não são construtivas, mas sim somente para encher lingüiça.

Ah, mas deu errado, veja só o que ocorreu. Então que tal, ao invés de criticar, sem ter o menor conhecimento das dificuldades, estas pessoas não mudarem de profissão, e darem a cara a tapa para decidir como agir em situações como essa?

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A História das Coisas

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Fantástico vídeo, que mostra com clareza como o atual sistema econômico nosso é ruim, e onde ele já nos levou e onde poderá nos levar.

 

O esquema citado no vídeo foi criado após a segunda guerra mundial.
Espero que não necessitemos ter uma terceira, movida pelas mazelas deste esquema, para mudarmos e resgatarmos a felicidade, num 'simples' jantar com nossos 'simples' pais em nossas 'simples' casas, saboreando nossa 'simples' comida.
Que voltemos à nossa vida 'simples'!!!!!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Recessão: oba!!!!!!

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É só ler qualquer jornal, ver qualquer canal de TV que ouvimos notícias sobre a economia, recessão mundial, desemprego, alta dos juros, aumento do valor do dólar e similares.
É um tal de bolsa de valores despencando no mundo todo, bilhões, trilhões de dólares evaporando.

E o engraçado é que eu vejo minha conta bancária, o meu dinheiro está lá. Vejo também minha carteira, e meu dinheiro está lá, vejo embaixo do colchão, e meu dinheiro está lá. Ufa!!!!!! Devo ser um cara de muita sorte, afinal, são trilhões que sumiram, e felizmente nenhum meu.

E o por que dessa ironia? Fui irônico para tentar dizer que não é possível dinheiro de verdade sumir. Se o dinheiro existe, ele continuará existindo. O que sumiu não foi dinheiro, mas sim possibilidade de dinheiro futuro, pura especulação. Alguém apostou que em x tempo haveria tanto dinheiro, então fez empréstimo da possibilidade, e isso foi ocorrendo em cascata. Até alguém chegar e dizer que a possibilidade não existe. Pronto, o maravilhoso castelo de cartas montado sobre a areia desmoronou. E um bando de ex-futuro-ricos ou ex-futuro-mais-podre-de-ricos-ainda ficam tristinhos, deprimidos, e então os poderosos do mundo se reúnem e dão as pessoas que emprestaram dinheiro de mentira dinheiro de verdade.

Acho que um dia eu vou querer ter um banco, afinal, posso fazer a besteira irresponsável que for em nome de lucros cada vez maiores, e se não der certo, alguém vem e me banca. Deve ser um negocião isso!!!!

Muitas pessoas estão perdendo dinheiro, os juros estão aumentando, o parcelamento está ficando mais caro. Engraçado, tudo isso ocorrendo e eu na mesma, continuo comprando a vista sem problema nenhum. Será que tem algo a ver com o fato que prefiro usar dinheiro que tenho, e não dinheiro de promessa?

Enquanto muitos ficam preocupados, eu sou do tipo que torço para que a recessão ocorra, que seja imensa, gigante, de arrebentar mesmo. Podem estar pensando "Carlos, mas quanta maldade no coração, como pode desejar mal para as pessoas?". Fiquem tranquilos, quando desejo isso estou desejando justamente o oposto. Explicarei.

Sei que havendo uma recessão muita coisa ruim ocorrerá, haverá muitas perdas, falências, desemprego. Mas antes dessa fase chegar, o que havia? Por acaso não havia gente perdendo, empresas entrando em falência e desemprego? Havia sim, no entanto era em doses homeopáticas, fazendo com que as pessoas não sentissem isso, e se sentissem, como era pouco elas absorviam, ou então aprendiam a encarar como normal isso, e portanto desnecessário preocupar-se com isso.

E nessa fase os bonitões da bala chita continuavam e encher seus bolsos com muito dinheiro, dinheiro esse muitas vezes fruto de especulação, e fazendo com que milhares de pessoas fiquem à margem da sociedade, sem as mínimas condições de vida. Mas estas pessoas, sofrendo pouco a cada dia, sem chance de se comunicar e sendo tratadas como poluição visual por nós nunca chamará a atenção da mídia, agora se for um engravatadinho com terno Armani e sapatos italianos, preocupado que não terá mais R$ 2 bilhões, mas 'somente' R$ 1 bilhão, então é digno de pena e matéria jornalística.

O sistema atual é um sistema que gera muita, mas muita miséria, o que gera uma sociedade altamente desequilibrada, onde os que tem cada vez mais precisam se isolar dos que não tem, construindo casas cheias de proteção. Isso é bom? Pois é essa a realidade que nossa economia atual gera.

E se torço para uma grande crise, é porque desejo que este sistema mude, mas as pessoas só se despertam para a necessidade de mudanças sérias quando grandes desgraças acontecem, enquanto elas ocorrerem cotidianamente e em pequenas doses parece um ópio, nos entorpecendo e fazendo-nos perder a noção da realidade.

É só ver um pouco a história da humanidade, povos, depois de grandes desgraças, se uniram e fizeram algo melhor, diferente do esquema anterior que terminou por destruir tudo. Ou acham que o Japão, antes de segunda guerra mundial era potência?

Que os investimentos que estejam sendo feitos não resolva, pois se resolverem, será um aval para a perpetuação deste sistema, um aval para que quem empresta promessa continue emprestando, afinal, depois sempre virá alguém com dinheiro para evitar o mal maior, sendo que para mim, o mal maior é continuar um esquema ilusório onde poucos faturam muito, e muitos ficam a margem da condição humana.

Vejam também:
    - Comprometimento

domingo, 12 de outubro de 2008

Pergunte, mas pergunte direito!

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Sei que tenho um Q de lusitano, mas antes que entendam este lusitano do modo pejorativo, explicarei.

Em Portugal (pelo que sei), não há interpretação do que se pergunta, eles entendem literalmente e assim respondem. Não tem essa de entender o que a pessoa quis dizer, e então responder o que ela quer saber. Lá a resposta é mais racional, ou seja, se quer uma informação, faça a pergunta correta, caso contrário ficará sem a informação desejada.

Para elucidar, lembro-me de uma entrevista da Mara Manzan no Jô Soares, contando as aventuras dela lá em Portugal. Ela disse que num sábado foi a uma farmácia e perguntou a um funcionário se a farmácia fecharia no domingo. E funcionário respondeu que não. Pois bem, ela foi embora e no domingo foi até a farmácia, e para surpresa dela ela estava fechada. Ficou muito brava da vida, e na segunda voltou para ‘tomar satisfação’ com o funcionário. Então chegou lá e reclamou, dizendo que a farmácia estava sim fechada no domingo. Eis que o funcionário respondeu: “Você perguntou se nós fecharíamos a farmácia no domingo, e nós não fechamos, pois nem a abrimos”.
Certamente para nossa cultura isso é impensável, mas analisem. O funcionário respondeu corretamente a pergunta, a pergunta é que não foi correta. O que ela queria saber é se a farmácia estaria aberta no domingo, e não se ela fecharia no domingo.

E por que esse exemplo? É que hoje me deparei com uma pergunta que não tenho idéia da validade da resposta que é dada. É uma pergunta de um questionário sobre saúde. Abaixo reporto a pergunta:

“Eu sou tão saudável quanto qualquer pessoa que conheço”
[ ] Definitivamente verdadeiro
[ ] A maioria das vezes verdadeiro
[ ] Não sei
[ ] A maioria das vezes falso
[ ] Definitivamente falso

Bom, vou aos meus questionamentos. Primeiramente acho engraçado os termos “definitivamente verdadeiro” e “definitivamente falso”. Por acaso existe “mais ou menos verdadeiro”?.

Agora me atento a pergunta. O tão ... quanto representa igualdade, e para uma resposta onde a pergunta é sobre uma igualdade, certamente a resposta é binária, ou seja, sim ou não. Não existe outra alternativa, portanto as opções intermediárias não podem ser marcadas. E para piorar, a comparação é com qualquer pessoa que conheço. E certamente as pessoas são diferentes, cada pessoa tem seu nível de saúde, diferente dos outros. Conseqüentemente a única resposta possível é “Definitivamente falso”.

E mesmo quando marco esta opção, há o problema de interpretação. Se eu não sou tão saudável quanto todas as outras pessoas, eu posso ser mais saudável do que todas as outras, ou então menos saudável. Numa comparação, ou se é igual, maior ou menor, sempre.

Pergunto então qual a informação que será retirada desta pergunta. Só há uma possibilidade de resposta, e esta ainda pode ser interpretada dubiamente.

Talvez muitos nem se atentem a isso, ou então passem por cima, mas o problema é essa pergunta que não tem valor nenhum, e pessoas podem interpretar segundo seus conceitos, distorcendo o que o entrevistado realmente é.

Precisamos ficar atentos a estas questões, e aos que fazem questionários, atenção para não gerarem perguntas sem alternativas, ou então com chance de interpretação. 

Vejam também:

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Menos pior

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Sei que o português do título está errado, mas é assim que ouvi muitas pessoas argumentando o voto, que já que temos o direito dever de votar devemos votar no ‘menos pior’, ao invés de anular.

Não foram poucos os blogs onde li este argumento, nem as pessoas que já me falaram isso em minha vida.

E fico me perguntando que tipo de pensamento é esse, onde a pessoa se sujeita a escolher o ‘menos pior’. Como é possível contentar-se em escolher o ‘menos pior’? Fico imaginando a vida destas pessoas. Ao escolher um companheiro para a vida, escolherá o ‘menos pior’, talvez o que engane ou traia menos, vai saber. Escolherá os amigos que menos mintam, os chefes que menos gritem, e por aí vai. E que tipo de vida é essa? Será uma vida feliz? Escolher os ‘menos pior’ é uma atitude inteligente?

Se não, então por que escolher o ‘menos pior’, se posso escolher nenhum?

E pior ainda do que esta escolha, é a mensagem que é dada aos outros. Se sempre será escolhido o ‘menos pior’, para que a pessoa que será escolhida precisará se esforçar para ser uma pessoa íntegra, séria, honesta, com valores e princípios? Basta ela ser um pouquinho melhor do que a outra que será escolhida. A escolha não será por mérito dela, mas sim por demérito da outra. É um incentivo ao nivelamento por baixo.

Sei que se todas as pessoas forem fantásticas, continuaremos escolhendo a ‘menos pior’ segundo os nossos conceitos, no entanto estarei escolhendo entre pessoas com virtudes, e não entre pessoas com vícios. Continuará sendo a ‘menos pior’, mas será a ‘menos pior’ entre as com valores, e nesse caso, será uma opção, e não uma falta de opção.

Vamos incentivar o nivelamento por cima, vamos ter como objetivo as pessoas melhores que nós, para que nos sirvam de exemplo e incentivo, e aí, então, escolhermos não o ‘menos pior’, mas o ‘mái mió di bão’.

Vejam também:
- Podemos criticar nossos políticos?
- Deixar como está?

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

E o ensino.......

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Recebi este texto, muito bom e (infelizmente) verdadeiro com relação a nossa triste realidade.


Semana passada comprei um produto que custou R$ 1,58. Dei à balconista R$ 2,00 e peguei na minha bolsa 8 centavos, para evitar receber ainda mais moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer. Tentei explicar que ela tinha que me dar 50 centavos de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la. Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender. Por que estou contando isso? Porque me dei conta da evolução do ensino de matemática desde 1950, que foi assim:

1. Ensino de matemática em 1950:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de venda. Qual é o lucro?

2. Ensino de matemática em 1970:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de venda ou R$ 80,00.. Qual é o lucro?

3. Ensino de matemática em 1980:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00. Qual é o lucro?

4. Ensino de matemática em 1990:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00. Escolha a resposta certa, que indica o lucro:
( )R$ 20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00

5. Ensino de matemática em 2000:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00. O lucro é de R$ 20,00. Está certo?
( )SIM ( ) NÃO

6. Ensino de matemática em 2008:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$100,00 O custo de produção é R$ 80,00. Se você souber ler, coloque um X no R$ 20,00.
( )R$ 20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00


Aos que acham que isso é brincadeira, nunca repararam que qualquer pessoa que trabalha no comércio, mesmo para somar 2 itens de R$ 1,00 cada, usa calculadora? Ou para tirar RS 0,10 de um número, também?

Daqui a pouco teremos pessoas que nem saberão somar zero ou multiplicar por 1 os números. E enquanto isso, nas estatísticas, a educação está uma maravilha, todas as crianças na escola......

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Paraolimpíadas

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Já passou um tempo do final das paraolimpíadas, mas não podia deixar de falar a respeito.

O Brasil terminou em nono lugar, com 16 ouros, 14 pratas e 19 bronzes, numericamente um desempenho bem superior ao obtido pelo Brasil nas olimpíadas. Mas é preciso também ver quantas modalidades foram disputadas, afinal, a mesma prova nas para olimpíadas pode ser disputada várias vezes, cada vez por um nível de deficiência diferente.

Mas independente disso a campanha dos nossos atletas para olímpicos foi superior a campanha dos nossos atletas normais.

E vi muitos comentários enaltecendo a campanha – o que é justo, porém criticando a postura dos outros atletas, dizendo que não se empenharam, ou coisas do gênero. Vi também comentários dizendo o quão bonito os atletas para olímpicos fizeram, e que mesmo sem incentivos fizeram muito melhor do que os atletas normais.

Agora pergunto: por que nossos atletas para olímpicos foram melhor do que os atletas normais?

Bom, podemos pensar que é por causa do empenho. Não creio, afinal um atleta tem por formação sempre dar o melhor de si, e numa olimpíada mais ainda.
Então podemos pensar que é por causa dos investimentos feitos nos atletas. Também não, se para os normais já é pífio, menos ainda para os para atletas com deficiência.

Mas então o que é? Bom, certamente não posso afirmar, mas creio na seguinte hipótese. Não é o investimento ou o empenho deles, mas o não investimento dos outros países nos seus para-atletas, afinal, isso não dá dinheiro. Então o que ocorre é que nossos atletas passam a ter condições de disputa mais iguais, afinal, é não investimento de um lado com não investimento do outro lado. Aí vai se destacar realmente quem for melhor por si só, e não em função de treinamentos alimentados por muito investimento.

Claro que o desempenho dos nossos para atletas é louvável e digno de reconhecimento, ainda mais em função do esforço deles para ter a chance de competir ser muito maior dos outros, mas considerar que por causa disso é que o desempenho é melhor, ou então que os atletas normais se empenham menos, não dá.

ps. Coloquei o termo normal sem aspas pois para mim normal não significa pessoa boa, mas sim pessoa com características estatisticamente favorecidas, ou seja, a maioria da população não possui deficiência, conseqüentemente isso é o normal. Não encaro normal como bom ou anormal como ruim, mas sim como freqüente e incomum.

domingo, 5 de outubro de 2008

Aprendiz de viver

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Texto recebido por email, autor desconhecido.

Já vai para 18 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca. Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante. Qualquer projeto aqui demora 2 anos para se concretizar, mesmo que a idéia seja brilhante e simples.

É regra. Então, nos processos globais, nós brasileiros, americanos, australianos, asiáticos ficamos aflitos por resultados imediatos, uma ansiedade generalizada. Porém, nosso senso de urgência não surte qualquer efeito neste prazo.

Os suecos discutem, discutem, fazem “n” reuniões, ponderações. E trabalham num esquema bem mais “slow down”. O pior é constatar que, no final, acaba sempre dando certo no tempo deles com a maturidade da tecnologia e da necessidade: bem pouco se perde aqui.

E vejo assim:

1. O país é do tamanho de São Paulo;
2. O país tem 2 milhões de habitantes;
3. Sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes (compare com Curitiba, que tem 2 milhões);
4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia, Nobel Biocare... Nada mal, não?
5. Para ter uma idéia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os foguetes da NASA.

Digo para os demais nestes nossos grupos globais: os suecos podem estar errados, mas são eles que pagam nossos salários.

Entretanto, vale salientar que não conheço um povo, como povo mesmo, que tenha mais cultura coletiva do que eles. Vou contar para vocês um breve relato só para dar noção.

A primeira vez que fui para lá, em 90, um dos colegas suecos me pegava no hotel toda manhã. Era setembro, frio, nevasca. Chegávamos cedo na Volvo e ele estacionava o carro bem longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã, perguntei:

“Você tem lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos cedo, o estacionamento vazio
e você deixa o carro lá no final.” Ele me respondeu simples assim: “É que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar - quem chegar mais tarde já vai estar atrasado, melhor que fique mais perto da porta. Você não acha?”

Olha a minha cara! Ainda bem que tive esta na primeira. Deu para rever bastante os meus conceitos.

Há um grande movimento na Europa hoje, chamado Slow Food. A Slow Food International Association - cujo símbolo é um caracol, tem sua base na Itália (o site é muito interessante. Veja-o!). O que o movimento Slow Food prega é que as pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os alimentos, “curtindo” seu preparo, no convívio com a família, com amigos, sem pressa e com qualidade. A idéia é a de se contrapor ao espírito do Fast Food e o que ele representa como estilo de vida em que o americano endeusificou.

A surpresa, porém, é que esse movimento do Slow Food está servindo de base para um movimento mais amplo chamado Slow Europe como salientou a revista Business Week numa edição européia. A base de tudo está no questionamento da “pressa” e da “loucura” gerada pela globalização, pelo apelo à “quantidade do ter” em contraposição à qualidade de vida ou à “qualidade do ser”.

Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas (35 horas por semana) são mais produtivos que seus colegas americanos ou ingleses. E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%.

Essa chamada “slow atitude” está chamando a atenção até dos americanos, apologistas do “Fast” (rápido) e do “Do it now” (faça já). Portanto, essa “atitude sem-pressa” não significa fazer menos, nem ter menor produtividade. Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais “qualidade” e “produtividade” com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos “stress”.
Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do “local”, presente e concreto em contraposição ao “global” - indefinido e anônimo. Significa a retomada dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé.
Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais “leve” e, portanto, mais produtivo onde seres humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.

Gostaria de que você pensasse um pouco sobre isso...

Será que os velhos ditados “Devagar se vai ao longe” ou ainda “A pressa é inimiga da perfeição” não merecem novamente nossa atenção nestes tempos de desenfreada loucura?

Será que nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de “qualidade sem pressa” até para aumentar a produtividade e qualidade de nossos produtos e serviços sem a necessária perda da “qualidade do ser”?

No filme “Perfume de Mulher”, há uma cena inesquecível, em que um personagem cego, vivido por Al Pacino, tira uma moça para dançar e ela responde:

- “Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos.”
- “Mas em um momento se vive uma vida” - responde ele, conduzindo-a num passo de tango.
E esta pequena cena é o momento mais bonito do filme.

Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo, mas parece que só alcançam quando morrem enfartados, ou algo assim. Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe.

Tempo todo mundo tem, por igual! Ninguém tem mais nem menos que 24 horas por dia. A diferença é o que cada um faz do seu tempo. Precisamos saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon, “A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro”...

Parabéns por ter lido até o final!

Muitos não lerão esta mensagem até o final, porque não podem “perder” o seu tempo neste mundo globalizado.

Pense e reflita, até que ponto vale a pena deixar de curtir sua família. De ficar com a pessoa amada, ir pescar no fim de semana ou outras coisas...
Poderá ser tarde demais!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Sistema eleitoral

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Chegamos a mais uma eleição, presenciamos mais alguns meses de propaganda política, quase tive uma overdose de Lavínia Vlasak.

E neste período muito de fala de política, da eleição, dos candidatos, de cidadania, e principalmente as conversas onde se diz em quem vai votar, o motivo, essas coisas. Acho isso interessante, não sou da turma dos que acham que política não se discute, muito pelo contrário, para mim se discute e muito, pois somente através das discussões (leiam troca de argumentos, e não troca de insultos ou ofensas), das visões de outras pessoas e que podemos nos aprimorar, nos desenvolver.

E nesse momento, quando estamos conversando sobre em quem votar, no motivo, quando perguntado digo que anularei meu voto. Isso mesmo, votarei em nulo, não quero ninguém lá. Já até consigo ouvir vocês expressando a indignação. “Como assim anular? Tem que exercer sua cidadania.”, “Votar é algo muito importante, e é somente assim que mudaremos as coisas.”, “Se anular porque não quer um candidato ruim, corre o risco do pior entrar no poder.”, “Depois não pode reclamar.” e mais um monte de frases, as quais já conheço de cor e salteado.

Quero então lhes dizer o motivo pelo qual faço isso, quais são os fatores que me levam a tomar esta decisão, e espero que após isso entendam que o que faço não é por rebeldia sem causa, ou então “porque se há algum sistema, eu sou contra”, ou somente para incitar discussões. Faço mediante argumentos. Eis os argumentos:

  1. No sistema atual, o que existe são produtos, os quais tomam banho de loja (marketing político), dizem somente as palavrinhas apropriadas, nos momentos apropriados.
    Todos dizem a mesma coisa, independente de posição partidária, visão de mundo, objetivos, idade, credo. É sempre preciso investir na segurança, na construção de casas, na saúde, contratar e melhorar os salários dos servidores, investir no transporte público, e principalmente, investir muito na educação, pois a educação é a base de tudo. Pura ‘prosopopéia flácida para acalentar bovinos’. Claro que isso tem que ser trabalhado, ontem, hoje e amanhã. Sempre!!!!!! Qualquer um sabe disso, então dizer algo que todos sabem para mim é perder tempo e chamar a todos de idiotas. E quando todos dizem a mesma coisa, nada foi dito.
    Engraçado que nunca vi um defender questões importantes, que realmente podem mudar a sociedade ou então questões delicadas e que dividem a opinião pública. Nunca vejo um candidato defendendo severas punições contra corrupção, eliminação dos cargos de confiança, mudar a forma de administrar para o modelo privado, fim dos benefícios sem propósito, fim de foro privilegiado, diminuição dos salários (que estão fora da realidade brasileira), definição da carga horária de acordo com a CLT. Ou então nunca vejo um candidato dizendo o que acha a respeito de assuntos que sabidamente dividem opiniões. Claro, se ele expressar essa opinião, então metade não vai votar, então nunca são verdadeiros.
  2. No sistema atual, os custos de campanha são altíssimos. Os candidatos precisam investir em propagandas, contratar pessoas para ficarem divulgando o nome nas esquinas (alguns ganham R$ 200 por semana). Fora os gastos com santinhos, carros de som, gastos com deslocamentos. Não falo aqui dos candidatos que entram somente para participar, mas sim dos que realmente querem entrar na mamata política. Os que entram pra valer gastam muito dinheiro. Fiquei sabendo aqui na minha cidade, por uma pessoa que uma vez participou de uma campanha, que estes vereadores ‘profissionais’ chegam a gastar R$ 200 mil. Isso para vereador, e se for para prefeito? E deputado estadual, federal, governador, senador, presidente? Imaginam o custo?
    Pois bem, o custo para se eleger é altíssimo, e minha pergunta é: quem paga o preço? Claro que há muitas pessoas que financiam a campanha, investem pesado. E eu, como uma pessoa incrédula, duvido que quem invista faça por ideologia, por crer que a pessoa fará um bem para a sociedade. Os que investem querem o dinheiro de volta, independente do meio. Então, num singelo pensamento matemático fico pensando “Como o candidato conseguirá devolver o dinheiro para os investidores, se os ganhos que ele terá não será o suficiente para isso?”. Será que o candidato é um ser tão fervoroso por fazer o bem a população que se candidata, mesmo sabendo que perderá muito dinheiro? Creio que não. Então, pergunto: “Como se resolverá essa questão?”. Bom, no mínimo deverá ter favorecimentos, informações privilegiadas, definição de obras públicas para alguém, ou então algum ato legal, porém amoral, como construção ou mudança de lei que vise favorecer algum investidor.
  3. No sistema atual, os partidos geram politicagem. Os partidos políticos não possuem nenhuma função, a não ser a de exigir acordos para votações, beneficiamentos, distribuição de cargos. Se partido político fosse algo sério, não teria mudança de partido, nem alianças, e muito menos alianças diferentes para cada cidade. Não entendo como filosofias diferentes podem estar lado a lado em uma cidade e serem adversárias na cidade ao lado. Se não for por puro interesse escuso, não entendo o motivo. E com os partidos, os interesses passam a ser literalmente partidários, passam a defender o seu partido, dinheiro para o mesmo, status, poder. E o povão fica a ver navios.
Resumindo, se o que tem são produtos para que eu os ‘compre’, se gastam muito mais dinheiro na campanha do que ganharão, e se os partidos não servem para nada de bom para o povo, qual o motivo que tenho para votar em alguém?

Votar em alguém para mim soa como uma afirmação de que tudo isso que existe hoje está bom, que concordo e quero que tal sistema permaneça. E não é isso que penso.

Aí então vêm pessoas dizendo que mesmo anulando o voto (coisa que o governo não informa ao eleitor como fazer, assim como também quase que demonizam tal atitude) políticos (muitas vezes maus) continuarão a serem eleitos, que o voto nulo não pode anular uma eleição. A estes respondo que sei que votos nulos não anulam uma eleição, e que mesmo que somente haja um voto, com todos os outros nulos, tal pessoa será eleita. Podemos não mudar, de imediato, o resultado, mas podemos com isso dar um sinal claro aos governantes que há algo errado. Uma pessoa com um voto pode ser eleita prefeita, mas ela estará bem lá? Quem confiará nela? Apoio de quem ela terá? Quem confia nela? Se a quantidade de nulos for grande, haverá uma mensagem de que algo muito, mas muito errado está acontecendo, e mesmo que não mude na próxima eleição, a sociedade começará a ver que algo está errado e precisa ser modificado.

Como o voto nulo é muito mal falado, é tratado como falta de cidadania e comprometimento, muitas pessoas que estão desgostosas com o esquema atual, com os candidatos, com a politicagem que assola este país acaba votando no que consideram ‘menos pior’. Imaginem se estas pessoas permanecessem firmes nos seus propósitos de não votar, vocês acham que somente teria 3% ou 4% de nulos? Conheço muitas pessoas que dizem que não tinha ninguém bom em quem votar, mas acabaram decidindo de última hora. Segundo a visão que nos é passada ela é uma cidadã, afinal, votou. Mas votou por votar, pegou qualquer um. E isso é mais importante e valoroso do que anular por convicção e por desejo real de melhora?

Tá certo, falei que não concordo com o sistema eleitoral atual, os problemas que vejo nele, mas criticar é muito fácil. Pois bem, para dificultar um pouco meu texto aproveito para apresentar minha idéia de um sistema eleitoral diferenciado.

Minha idéia é ter um sistema que não permita politicagem, não gere gastos, não deixe ninguém de rabo preso, não crie produtos a serem comprados.

Na minha proposta cada pessoa votará somente em uma pessoa, nada mais. E como será isso? A cidade deverá ser dividida em regiões pequenas, com uma quantidade máxima de pessoas. Digamos que cinco mil. E nesta região qualquer pessoa poderá se candidatar para representá-la, para lutar por melhorias. A única restrição é que deve morar a pelo menos 10 anos na região, o que faria com que conhecesse muito bem as pessoas, as dificuldades e as necessidades da região.

Não existiria partido, afinal, como a pessoa provavelmente será alguém conhecido da região nada disso será necessário, não haverá gastos pois com pouco deslocamento poderá fazer a campanha dela. E de nada adiantaria ela fazer campanha em outros lugares, pois somente as pessoas daquela região é que poderão votar nela.

E por ser uma pessoa do convívio daquelas pessoas, não terá como ter marketing político, afinal, as pessoas já conhecem o passado, os atos do candidato. Maquiagem e marketing de nada adiantarão.
As pessoas então votariam em qualquer uma das pessoas que se candidatarem, e o candidato com mais votos é eleito representante, responsável por aquela região. Esta pessoa será a responsável por gerenciar as pessoas. E como esta pessoa já é conhecida da região, convive lá, certamente cobranças serão bem mais fáceis de serem feitas, afinal, se nada estiver sendo feito, basta andar algumas quadras e bater na casa do representante. A cobrança fica mais fácil e direta.

Ah, mas o cara pode ser eleito, e como ganhará dinheiro poderá mudar do lugar. Eu sei, mas isso é outra barreira. O representante deverá necessariamente continuar morando na região onde foi eleito, e caso mude de região (de casa na mesma região tudo bem) automaticamente perderá o cargo, e o segundo colocado será empossado representante da região. Isso é para exigir que o representante realmente represente as pessoas, e não tenha por objetivo pegar os votos das pessoas e depois virar as costas.

Bom, mas até agora só temos representante para regiões de no máximo 5 mil, mas muitas cidades possuem mais do que isso de habitantes. Certamente, então estas regiões deverão ser agrupadas para eleger um representante para esta região maior. Então os candidatos eleitos e que estão neste novo agrupamento deverão conversar entre si e definirem uma pessoa para representar a região maior. E assim que elegerem uma pessoa, a região que elegeu esta pessoa perderá o representante direto, então o segundo colocado na eleição passaria a representá-los, afinal, muitas pessoas também confiaram seus votos nele.

Estes agrupamentos maiores poderiam ser de 20 regiões menores, muito mais que isso ficaria complicado gerenciar. E para que ter estes agrupamentos? Muitas obras envolvem bairros, interligam regiões, então é necessário que alguém tenha uma visão maior, e se preocupe com questões que extrapolem a região inicial. Seriam criados quantos agrupamentos forem necessários, e se a quantidade destes agrupamentos superar 20, outro agrupamento deverá ser criado, de modo recursivo até que seja eleito um representante para a cidade.

Poucas pessoas votaram diretamente neste representante, no entanto os que votaram o fizeram por conhecer o passado dele, suas ações, seus valores, seu trabalho. Ou seja, mesmo muitas pessoas não o conhecendo (reforço que mesmo no esquema atual não conhecemos a pessoa, somente uma imagem) ele poderá ser acessado muito rapidamente por aqueles moradores da região onde ele reside. Para este representante também não será permitido que ele mude de região.

Eleito o prefeito, estes se reuniriam e decidiriam entre si os representantes para as regiões do estado, que por sua vez decidiriam o representante do estado e por sua vez escolheriam o representante para o país.

O governador e presidente deixariam a sua região, afinal eles possuem preocupações que exige que eles estejam em muitos lugares, há um esquema de segurança, logística e tudo mais.
Com esta idéia, evitaríamos os gastos com campanha, os rabos preso, os partidos políticos – as pessoas votariam no caráter das pessoas, as jogadas por interesse. Cada pessoa somente votaria em uma única pessoa, e esta moraria perto durante todo o mandato, facilitando o acesso da população.

Ah, claro, o voto seria facultativo, assim somente votaria quem realmente tem interesse, quem quer algo melhor para sua vida, evitando os votos daqueles que somente votam por ser uma obrigação.


Delírio tudo isso que falei? Para muitos é bem provável. Mas para mim, delírio é achar que o esquema atual é bom. E então, o que acham da proposta?