Sobre este blog

Este nome é facilmente interpretado como 'Mundo Idiota', o que não deixa de ser, visto que atualmente vivemos em um mundo do TER e pior, do PARECER TER / SER, enquanto o que devemos valorizar é o SER. Mas o nome tem outro motivo. Uma pessoa que defende sua pátria é chamado de patriota, numa analogia a pessoa que defende o mundo seria o MUNDIOTA.
 

sábado, 11 de abril de 2009

Nosso terremoto diário

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Esta semana ocorreu um grande terremoto na região central da Itália, vitimando aproximadamente 300 pessoas, desabrigando milhares e provocando um grande prejuízo financeiro e um incomensurável prejuízo histórico e arquitetônico.

Isso gerou uma grande repercussão na mídia, não somente a da Itália mas de todo o mundo. Centenas de pessoas foram enviadas lá para retratarem os enormes prejuízos.

E eu me pergunto se tal fato merece realmente tal repercussão. Claro que lastimo as vidas que foram perdidas, os sonhos que nunca serão realizados, os lugares históricos que nunca mais poderão ser admirados, mas penso se este terremoto é maior do que o que ocorre diariamente aqui neste nosso país.

Quantas pessoas morrem diariamente neste país, por motivos não naturais? Duvido que não seja muitas vezes mais do que ocorreu no terremoto. Quantas pessoas morrem em busca de atendimento médico? Quantas pessoas morrem por falta de comida? Quantas pessoas morrem devido a violência que assola este país? Quantas pessoas morrem no trânsito, devido ao desrespeito dos motoristas?

Certamente este número é muito, mas muito grande mesmo. E fico pensando no que gera estes problemas. Fico pensando nas corrupções que tiram milhões de reais do serviço público, não dando atendimento médico descente a população, deixando-a à própria sorte. Fico pensando na educação que não dão, gerando uma população imensa de incapazes, e que pela falta de condições e de preparo psicológico são “adotados” pelo crime, matando a torto e a direita, afinal, não possuem nada a perder. Fico pensando nos inúmeros miseráveis, que são renovados a cada geração para que continuem mantendo no poder aqueles que fazem de tudo para nada darem a eles, deixando morrer de fome e doenças facilmente tratadas há séculos. Fico pensando nos criminosos que são gerados motivados pelos “belos” exemplos da justiça, deixando em liberdade assassinos, corruptos.

O que falei é um pouco do que ocorre aqui diariamente, e que de tão corriqueiro nem nos importamos mais. São milhares de vidas indo embora diariamente, e o pior de tudo, por motivos que são planemente possíveis de serem prevenidos, ao contrário do terremoto.

As pessoas ficam desoladas com mortes provocadas por fenômenos incontroláveis, mas parecem não se importar pelas mortes provocadas por nós mesmos.

O acontecido na Itália certamente provocará em muitas pessoas reflexões sobre a vida, sobre seus modos, sobre como podem fazer para viver melhor. Isso é ótimo, mas será que não podemos promover esta mesma reflexão pelas mortes onde nós mesmos somos os responsáveis? Será que não podemos ficar tão consternados com tudo o que ocorre cotidianamente a ponto de mudarmos isso, de exigirmos dos nossos “representantes” a seriedade necessária para melhorar a vida da população?

Que as pessoas tomem ciência do nosso terremoto diário, e passem a fazer o que está ao seu alcance para evitar, pois sobre este, certamente temos pleno domínio.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Projeto cidade limpa

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Há um programa aqui na minha região que visa recolher lixo das casas. A TV ajuda nesta campanha, e sempre anuncia em que região / bairros os caminhões passarão, para que a população já separe o lixo. Na semana seguinte, publica o resultado da campanha, informando os números referente a quantidade de lixo resgatado. E percebo que anunciam isso com felicidade, mostrando o quanto de lixo foi retirado das casas, e eu não consigo ver coisa boa nisso.

Eu vejo de um outro modo. Vejo que as pessoas continuam produzindo muito lixo, que as empresas continuam a produzir coisas que depois de sua curta vida (obsolescência programada) são jogadas fora, sem aproveitar nada. Vejo pessoas nada engajadas em diminuir o lixo, mas somente engajadas em amontoá-los para que de tempos em tempos um caminhão vá lá e recolha.

Então me pergunto: O que é melhor, sempre ter um caminhão para recolher o lixo ou não gerar lixo? Devo valorizar cada vez mais ‘arrecadação’ de lixo pelos caminhões ou cada vez menos?

Sempre critico que esta sociedade está preocupada com os efeitos, e não com as causas. Este tipo de ação (que tem sua finalidade e sucesso, certamente) somente trabalha no efeito – acúmulo de lixo – e não na causa, uma consciência ambiental maior, produtos mais duráveis, reaproveitáveis. Colocar o caminhão periodicamente nas ruas é um sinal claro para que as pessoas continuem a agir do modo atual, afinal, depois alguém vai lá ‘limpar’ a sua bagunça.

Fico imaginando tal situação em outros pontos da nossa vida.

  • Vou ao dentista e acho um montão de cáries, e ele conserta todas. Devo ficar feliz e continuar a comer doces para depois voltar e tratar as novas cáries? (mais dinheiro e tempo gastos)
  • Vou ao médico e acho um montão de doenças, e ele me cura de todas. Devo ficar feliz e continuar com a vida desregrada para depois voltar e tratar as novas doenças? (mais dinheiro e tempo gastos)
  • Os agentes de saúde vão até as residências e acham milhões de focos de dengue, e eliminam todos. Devo ficar feliz e continuar a deixar água parada para que depois eles voltem e eliminem os focos? (mais dinheiro e tempo gastos)
  • Os garis limpam todos os dias as ruas e praças que estão cheias de lixo. Devo ficar feliz e continuar a sujar as uas e praças para que os garis continuem tendo o que limpar? (mais dinheiro e tempo gastos)
  • Uma ação policial prende centenas de morotistas bêbados. Devo ficar feliz e esperar a nova ação policial para que novos motoristas bêbados sejam pegos? (mais dinheiro e tempo gastos)
  • Estes são somente alguns exemplos, mas na mesma linha. Não consigo ficar feliz vendo tratamento nos efeitos, jamais nas causas. Sou do tipo que prefere que as pessoas que forem ao dentista nunca achem uma cárie, que as pessoas que forem ao médico estejam sempre sadias, que as casas nunca tenham foco de dengue, que as ruas sempre estejam limpas, que pessoas nunca bebam e dirijam.

    Adoraria ouvir a notícia que fiscais de saúde visitaram milhares de casa e nenhum foco de dengue fosse encontrado, que uma ação policial contra bêbados nunca encontrasse nenhum. Isso sim para mim é sinônimo de sucesso. Estes sim são os maiores números, pois referem-se ao número de pessoas conscientes. O outro número (quantidade de lixo, de cáries, doenças, focos de dengue, lixo na rua, motoristas bêbados) para mim somente é sinal de uma sociedade doente.

    Mas se aqui só focarmos os efeitos, ficará difícil…