Esta semana aconteceu um grande desastre natural no estado de Santa Catarina. Chuvas muito acima do normal, e concentradas em poucos dias devastaram muitas cidades, mataram muitas pessoas e dificultaram a vida de muitas pessoas por um longo tempo, até tudo se recuperar.
Vejo algumas imagens do local e realmente é desolador. Muita lama, destruição, pessoas sem nada, precisando dos outros para sobreviverem, literalmente. As pessoas ficaram, do dia para a noite, em estado de miséria. Certamente não consigo ter certeza do sentimento que é perder tudo, ficar na miséria, mas imagino que deva ser algo muito grande. Tento me imaginar nesta situação. Deve ser extremamente doloroso saber que um dia tenho tudo, casa, carro, móveis, um lar, um emprego, comida, e no outro não tenho mais nada disso, e menos ainda possibilidades de recuperar isso, afinal, muitas empresas foram fechadas e destruídas também.
Bom, não preciso repetir isso pois é só ir na TV ou internet que verão isso. Aproveito para desejar que a situação deles melhore a cada dia, que a solidariedade deste povo não seja desviada e chegue a quem realmente necessita, e que aprendamos com esta lição.
O título deste artigo é miséria, mas não é a miséria que citei acima, a financeira, provocada pela inundação. Esta é até fácil de sanar. Com as ajudas que estão indo as pessoas retomarão suas vidas, reconstruirão seus lares. A miséria a qual quero falar é a humana, de valores. Fico furioso e com vontade de socar estarrecido com as pessoas que aproveitam tal desgraça para promover saques. O que é isso? Ou melhor, o que são eles? Humanos certamente não são, indiscutivelmente. Aproveitam-se da desgraça para benefício próprio, para promoverem crimes, roubos. Não sei nem como qualificar aqueles seres bípedes. Acho que até poderíamos ter os humanos e os desumanos, que seria outro gênero (ou espécie, classe... não decorei isso em biologia). Assim não precisaríamos tratá-los da mesma forma que os humanos, afinal, não seriam.
Parecem urubus, que se aproveitam da desgraça alheia. E olha que os urubus fazem isso para se alimentarem, somente. Não para obter bens e vantagens.
Que sociedade é essa que cria aqueles seres? Ou será que eles brotam com as fortes chuvas? Geração espotânea? Claro que não, eles existem, estão em todos os lugares – infelizmente – mas somente estão a espera de grandes desgraças, de situação de caos e de impossibilidade mínima de gerenciamento e organização social para agirem e exporem sua verdadeira identidade, seus “valores”.
Posso até imaginar pessoas falando que estes ‘seres’ foram pessoas que não tiveram chance na vida, que sempre ficaram a margem da sociedade consumista, que eram ignorados. Sei disso, e é aí que entra outra miséria. A miséria das pessoas que podem ajudar aos que menos condições possuem a se tornarem pessoas melhores, mesmo com poucos bens. Tem muita gente que para ter muitos bens passam por cima e humilham outros, e depois reclamam quando estes se revoltam e fazem atrocidades, como se eles não possuíssem nenhuma influência (responsabilidade não) sobre os atos.
Enfim, são inúmeras as misérias. A financeira não me preocupa, pois essa é fácil. O que é difícil é a miséria dos humanos, dos valores. Gente com pouco e que se aproveita da desgraça para fazer as coisas erradas e gente com muito, com condições, e que mesmo assim fazem questão de pisar sobre os outros.
Como diria os Titãs, “miséria é miséria em qualquer canto, riquezas são diferentes”