Semana passada faleceu Michael Jackson, cuja morte foi amplamente divulgada. É comum dizermos nesse momento que foi-se o ser humano, e ficou o mito. E nesse caso é a mais pura verdade. As pessoas, gostando ou não das suas músicas, seu estilo, sua dança sabem que ele modificou muito o mundo, influenciou milhões para ser modesto, criou moda, ditou moda, chegou em todos os cantos do planeta.
O mito agora começará a ganhar força, ainda mais em função da forma e momento da morte. Possivel complicação em função dos remédios e a véspera de um retorno aos shows depois de mais de uma década de ostracismo. Certamente muitos lembrarão dele por muito e muito tempo.
Mas deixarei o mito para a imprensa, os fãs. Me aterei mais ao ser humano Michael Joseph Jackson, o quinto filho. Mesmo antes da morte dele era sabido do que ele sofreu na infância, e agora parece que mais informações chegam a tona.
Vi algumas reportagens sobre a vida dele, e depoimentos de pessoas que trabalharam com ele, e do próprio Michael. Michael foi uma pessoa que não teve infância, tampouco felicidade na idade onde deveria ter sua infância. Começou a cantar aos 5 anos, e desde pequeno seu pai sempre o mal tratava, e como o próprio Michael disse em uma entrevista, o seu pais sempre dizia que ele era feio. Tento imaginar o quanto isso pode afetar a cabeça de um ser humano. Como será que uma criança de 5 anos, que já tinha agendados compromissos de adultos, apanhava e escutava que era feio se sentia? Como será que um adulto se sentiria?
Pergunto-me hoje se o motivo de tanta cirgurgia plástica, mudança no rosto, nariz, cabelo e pele não teve nada a ver com o que ocorreu. Pergunto-me se sua frágil saúde – como foi dito por várias pessoas que conviveram com ele e pela publicação que ele tomava grandes quantidades de remédio – não era consequência dessas doenças psicológicas (ver psicossomática).
Será que não era uma forma que ele tinha de tentar encontrar a sua beleza, mesmo que em vão?
Vi também depoimentos dizendo que ele somente era feliz no palco. Creio ser possível sim, pois no palco era o único lugar do planeta onde ele era ele mesmo, podia fazer o que gostava, podia viver de fato.
Uma brasileira, que cozinhou por ele por 20 anos, disse que ele não tinha domínio sobre sua própria vida. Dinheiro não era ele quem controlava, o valor dos show também não, a compra de bens também não, onde estaria também não, seus vôos também não, sua alimentação também não. Outras pessoas sempre diziam o que ele deveria fazer, onde e de que modo. Fico imaginando como fica a cabeça dele. Era prisioneiro de sua própria vida. Vocês se imaginam sem autonomia para decidir os rumos da sua própria vida? Isso é prisão, e talvez ele estivesse aprisionado, dentro do seu sucesso.
Parece que Michael hoje somente queria ser a criança que o impediram de ser. O parque de diversões que ele criou não deve ter sido criado sem motivo. E se ele gostava de crianças por perto, será que não é por que ele queria voltar à idade, a ingenuidade delas, ser feliz? Pessoas que conviveram com ele disseram que ele era muito ingênuo, nesse sentido de puro, de ver bondade.
Se é verdade eu não sei, nem estou aqui para fazer papel de advogado, mas somente colocando perguntas que talvez nunca possam ser respondidas, mas ao menos poderão nos servir para refletirmos um pouco, se nossas certezas são tão certas assim.
E pela primeira vez vi a letra de uma música dele. A música é Man in the mirror. Vi uma frase que me chamou muita a atenção:
Eu vou fazer uma mudança de uma vez em minha vida.
Vai ser bom de verdade, vou fazer uma diferença,
Vou fazer isso direito...
Enquanto eu dobro a gola do meu casaco de inverno favorito,
Este vento está soprando minha mente.
Eu vejo as crianças nas ruas, sem o suficiente para comer.
Quem sou eu para estar cego,
Fingindo não perceber suas necessidades?
Uma indiferença de verão, um pião [feito] de uma garrafa quebrada
E uma alma de homem.
Eles seguem uns aos outros no vento, você sabe,
Porque eles não tem nenhum lugar para ir.
É por isto que eu quero que você saiba:
REFRÃO:
Eu estou começando com o homem no espelho,
Eu estou pedindo a ele para mudar seus modos.
E nenhuma mensagem poderia ter sido mais clara:
Se você quer fazer do mundo um lugar melhor,
(Se você quer fazer do mundo um lugar melhor)
Olhe para si mesmo, e então faça uma mudança.
(Olhe para si mesmo, e então faça uma mudança)
Se queremos um mundo melhor, é melhor olharmos realmente para o homem do espelho, pois ele é o único nesse mundo que pode mudar algo.
Que sigamos essa idéia dele, e que ele, finalmente, descanse em paz.