Pois é, esta é uma prática que está aumentando muito em nossa sociedade. Pra todo lado que olhamos vemos pessoas se prostituindo, fazendo qualquer coisa por dinheiro, somente para poder comprar o que a sociedade “diz” que precisamos ter para podermos estar enquadrados e sermos considerados “normais”.
É realmente muito triste ver isso, e o pior é ver que a sociedade incentiva isso, e pior, valoriza isso.
Aos que pensam que estou falando de sexo lamento, não é sobre isso que estou escrevendo. Prostituição possui sim este senso comum, porém prostituição também é se corromper, se desmoralizar, degradar, e é sobre estes significados a que me refiro.
O que está aumentando é a prostituição dos profissionais de todas as áreas. Se fizermos sondagens rápidas nas empresas encontraremos inúmeros profissionais “qualificados” (leiam profissionais com diploma) que o simples ato de pensar é algo completamente estranho.
Isso em qualquer segmento. As pessoas vão lá nas universidades e compram os diplomas se qualificam para determinada função, então quando buscam emprego basta levar o papel que os qualifica, então a empresa o contrata.
Porém se esquecem que nenhum papel qualifica ninguém, o papel é a parte mais fácil de tudo, o comprometimento, a qualificação, a visão da parte e do todo, a visão estratégica e de futuro não tem como ser colocada no papel. Isso depende de uma real educação, aquela dadas pelos pais desde o berço.
Mas como o que realmente pode fazer a diferença entre uma pessoa comprometida com o trabalho e outra comprometida com a sua possibilidade de adquirir mais e mais produtos para ser “descolado” e “antenado” com todos não tem como ser posto no papel, cada vez mais teremos em nossa sociedade pessoas sem a menor, reforço, menor qualificação.
E é aí que ocorre a prostituição. Os serviços possuem um custo para serem feitos, e quando digo feitos digo feitos com qualidade, com comprometimento por parte de quem faz o serviço, se preocupando em gerar o menor dano possível, propiciando a maior durabilidade possível. Então este profissional realmente qualificado (e quando digo qualificado não me refiro a diploma, mas sim nas competências que adquiriu ao longo da vida, independente do local) informa o preço dele. Vamos supor que ele informe que é R$ 1.000,00. O cliente vê e reclama, afinal conhece outros “profissionais” que fazem ““““exatamente”””” a mesma coisa por R$ 300,00. E quem é que não quer ter uma “economia” de R$ 700,00. Então contrata o serviço mais baixo, tem problemas durante e execução e acaba gastando o dobro do valor, após inúmeras reclamações e brigas com o “profissional” contratado. E depois de algum tempo o serviço já apresenta problema, pois o “profissional” contratado não se preocupou com a qualidade e durabilidade dos materiais que ele utilizou no serviço, pois mesmo a pior qualidade seria o suficiente para mostrar que o serviço dele estava funcionando no ato da entrega. Depois de der problema 1 semana depois o problema não é dele mais, afinal, quando ele “entregou” o serviço tudo estava funcionando perfeitamente.
Então o cliente tem problemas novamente no mesmo local, o problema gera um prejuízo e é necessário contratar outro “profissional”, e lá vai ele, contratando “profissionais”, brigando com todos e criando o conceito que todos os “profissionais” são ruins e sem vergonha, sem se dar conta que ele NUNCA de fato contratou um profissional.
Enquanto isso o profissional de verdade fica sem serviço, pois todos acham que ele está cobrando caro demais. Então, por questão de sobrevivência, ele precisa cobrar valores iguais aos demais, que é onde gera a prostituição que falei.
Nossa sociedade é que incentiva isso. De todos os “profissionais” que são formados anualmente no Brasil, qual o índice real de profissionais? Infelizmente é mínimo, pois a formação humana das pessoas está degradada, o único interesse é o de adquirir o máximo de dinheiro possível com a “profissão” comprada conquistada para poder comprar tudo o que “precisamos”. Se farão a coisa certa, do modo certo, não tem a menor importância, desde que o dinheiro entre na conta.
Outra coisa que facilita esta prostituição é o preço irrisório das ferramentas que o profissional precisa para trabalhar. Antigamente para iniciar uma profissão o cara tinha que comprar com muito esforço materiais usados, para então depois de bastante trabalho conseguir juntar dinheiro para comprar os melhores materiais para se trabalhar. E como isso demorava para acontecer, somente pessoas que realmente queriam se dedicar aquela profissão é que se dedicariam a ela.
Hoje com os preços irrisórios e prazos a perder de vista qualqer Zé Mané se aventura, compra os itens e sai por aí dizendo que sabe fazer.
Infelizmente vejo o mundo aumentando o número de pessoas prostituídas dia após dia, pois os pais, desde quando os filhos são pequenos, falam que estão trabalhando tanto para poder lhes dar uma boa faculdade que lhes deem o papel necessário para que eles possam no futuro ter dinheiro para poder comprar tudo o que quiserem, e assim vai se criando outra geração que somente consegue ver a profissão como algo que lhes dê dinheiro, mas não como algo que lhes dê safisfação pessoal muito menos se preocupe com o cliente, com a qualidade da sua entrega.
Quem sabe quando se preocuparem de fato com o aprendizado e não com o papel isso comece a mudar.
Perguntem as pessoas de mais idade quando se tinham mais profissionais no mercado, se era antigamente, quando não se fazia faculdades e os preços eram altos, ou então atualmente, quando se tem faculdades em cada esquina e os preços são baixos?
Um comentário:
Um belo artigo. E concordo plenamente com você. Escrevi algo bem parecido hoje e qualquer um que tenha um mínimo de caráter percebe que nossa sociedade está caminhando para uma degeneração ética sem precedentes. Valores, limites, decência e senso de dever cada vez mais se tornam meras figuras de linguagem numa nação em que se valoriza o ter e não o ser. As consequências disso serão terríveis para nosso futuro.
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