Sobre este blog

Este nome é facilmente interpretado como 'Mundo Idiota', o que não deixa de ser, visto que atualmente vivemos em um mundo do TER e pior, do PARECER TER / SER, enquanto o que devemos valorizar é o SER. Mas o nome tem outro motivo. Uma pessoa que defende sua pátria é chamado de patriota, numa analogia a pessoa que defende o mundo seria o MUNDIOTA.
 

sábado, 23 de julho de 2011

Tontumidores

Não, não errei a palavra. Tampouco utilizei uma existente. Resolvi criar uma palavra para poder expressar como a indústria nos trata e como nós também nos deixamos ser.

A indústria está pouco se lixando para nós, os consumidores, ela não quer saber se o produto que ela produz faz mal para as pessoas, para a sociedade, para o meio ambiente, ela só quer que você compre, compre, compre, cada vez mais, cada vez mais sem necessidade, somente para enriquecer o país e a economia o bolso de meia dúzia de pessoas.

Se a pessoa faz dívida, entra no vermelho, se isso gera brigas nos casais ou com os filhos não tem a menor importância.

Mas a indústria é esperta, ao contrário de muitos de nós, e sabe o que ela quer, e por isso mesmo trata de esconder isso. Pensam em estratégias e mais estratégias, usam de psicologia e de forte apelo emocional para poder continuar vendendo seus produtos, e ainda de um modo que nós, os consumidores, acreditemos que realmente precisamos daquele produto, que nossa vida sem aquele produto perde o sentido, que nossa vida será melhor, mais próspera após a aquisição daquele produto. Sabem que estamos com uma sociedade muito, mas muito doente mesmo, onde as pessoas muitas vezes desconhecem a felicidade, e vendem esta “felicidade” em lindas embalagens, cheia de atrativos, palavras lindas, pessoas sorrindo, e ainda em 10 parcelinhas sem juros.

<ironia>Olha só que maravilha, felicidade embalada e disponibiliza em 10x sem juros, é a solução do planeta!!!!</ironia>

Não sei se já viram, ou vivenciaram, mas as propagandas de décadas atrás comparada com as de hoje mudaram drasticamente. Antigamente se enaltecia as qualidades do produto, suas vantagens, benefícios reais que os mesmos trariam caso fossem comprados, mas agora tudo isso não existe mais. Pouco importa agora o que produto faz, o que importa agora é a felicidade que ele proporcionará a você e sua família, o quanto o fará se sentir melhor, mais forte, mais bonito, mais desejado, mais invejado. O apelo é somente emocional, e como disse, nesta sociedade doente, há muitos compradores de emoção. E compram mesmo.

Antigamente o sabão em pó servia para deixar as roupas limpas, hoje não. Atualmente o sabão em pó proporciona uma vida feliz a criança, que somente agora pode brincar sem se preocupar com a roupa, ela brinca, se diverte, se devenvolve, e e mãe põe na máquina e sem esforço a roupa estará mais branca do que quando comprada, então cria-se a família feliz.

<ironia>Ainda bem que inventaram este sabão em pó, fico imaginando como devia ser infeliz a família antiga, as crianças não podiam brincar, aprender, se desenvolver e as mães mesmo que lavassem as roupas jamais retornariam ao branco original.</ironia>

É engraçado ver também como para coisas opostas dizem a mesma coisa, e as pessoas não reparam.

Vamos falar da Coca-cola. Há vários anos o tamanho máximo vendido era de 1l. Depois veio a PET e passou a ser vendida em embalagens e 2l. Então vem a propaganda e diz: “Mais economia para você e sua família”.

Posso até imaginar que sim, pois uma boa parte do custo de um refrigerante é a embalagem.

Aí entra a “onda verde” e voltam a fazer embalagens retornáveis. A Coca-cola lança uma retornável de 1,5l, vai na televisão e a propaganda e diz: “Mais economia para você e sua família”.

Calma aí, como é que pode a diminuição também ser mais economia? Mais economia somente pode ser uma das duas variações, ou o acréscimo do conteúdo ou então o decréscimo. As duas não. Certamente a empresa mentiu para nós, ou na primeira ou na segunda mudança.

Mas como a palavra “economia” soa bem nos ouvidos, as pessoas ouvem e compram felizes por estarem fazendo “economia”.

Continuando na “onda verde” agora uma marca de papel higiênico coloca os rolos dobrados, para minimizar o impacto ambiental, já que a embalagem fica menor, menos gasto, e também ao transportar é possível colocar mais em um mesmo volume. Mas se isso realmente é tão bom, por que a empresa não fez isso antes? Antes o meio ambiente que se dane? Não, é que antes as pessoas não comprariam rolos amassados, pois demonstraria um relaxo com o produto, e agora não, não é relaxo, é preocupação sócio-ambiental. E o produto é o mesmo.

SAIBAM que a indústria está pouco se fudendo preocupando com você, como você é, se seu salário permite que se compre o produto dela, se você fará dívidas, se sua família será mais feliz, se você ficará mais importante. O que ela quer é vender, e só. Se para isso o planeta vai explodir, ou se você trabalhará até perder a saúde para adquirir estes itens, ou se destruirá o amor existente em você e sua família não fará NENHUMA diferença para eles.

As técnicas de venda se sofisticarão cada vez mais, novos métodos serão criados para fazerem você acreditar que sua vida será melhor com os novos produtos. Se não conseguirem mais atingir você, tentarão atingir pessoas próximas a você para que elas o consigam atingir.

SEJA e ESTEJA uma pessoa consciente. Compre o que for NECESSÁRIO, e não o que deseja. O necessário não pode ser mudado pela indústria, o desejo sim.

Entenda que NUNCA algum produto o deixará feliz, NUNCA um produto dará sentido a tua vida, NUNCA um produto resolverá os problemas que tanto nos atormentam. Se isso fosse verdade, o mundo não teria tantos problemas, já que o mundo possui muitas vendas hoje.

Cheque especial, limites altos nos cartões de crédito, parcelamentos não são vantagens, nem propiciam a vocês poderem mais, muito pelo contrário. Tudo isso somente faz com que possam menos, cada vez menos, e se sintam cada vez pior e alimente a NECESSIDADE adquirir mais novíssimos produtos SALVADORES DA SUA ALMA.

Não sejamos tontumidores.

3 comentários:

angel disse...

Ainda esta semana assisti a um documentário feito por um cineasta americano sobre isto mesmo. Falava dos Estados Unidos ( país onde o Brasil sempre se espelhou), falava do engodo de que consumindo mais o povo seria mais feliz e isto era um ato de DEMOCRACIA.
Confundindo o direito de aquirir com o direito de exercer iludiram as pessoas e fomentaram como nunca o consumismo. Mas tudo tem sempre dois lados. Hoje eles estão colhendo colhendo frutos nefastos de uma sociedade doente fisicamente( obesidade), socialmente, financeiramente. As pessoas se tornaram consumidoras vorazes e insatisfeitas porque o ter exige sempre mais, endividadas e muitas perderam suas casas com hipotecas. A economia, sem os consumidores, agora endividados passou a entrar em colapso e muitas fábricas e empresas fecharam e muitos perderam empregos.
Politicamente tentaram de tudo.... como nos filmes, elegeram um cawboy para parecer que teriam um "xerife" que viria soando trombetas para resolver os problemas, mas o que se viu foi uma marionete comandada por mãos de muitos empresários a comandá-lo. Acabaram com a classe média, que é a que realmente trabalha e sustenta a economia e assim acabaram com a galinha dos ovos de ouro. O Brasil que tudo copia não faz outro caminho... Mesmo com a aparência de socialismo não fazem outro que aniquilar com a classe média e incentivar uma economia desenfreada baseada em cartões de crédito. Um povo que não sabe nem fazer contas e não entende de juros vive à mercê das propagandas que prometem o paraíso.
Viva a república das bananas... quando tudo vira um caos, os maiorais pegam seus jatinhos e vão curtir férias em outros paraísos e dão uma bela banana , como em alguns finais de novela.

Anônimo disse...

Infelizmente sou obrigada a concordar que sua palavra chega a ser quase perfeita!
:)

Arthurius Maximus disse...

O consumismo desenfreado é uma praga dos tempos atuais. Só com responsabilidade e cuidado poderemos educar as gerações futuras como se comportarem diante desses apelos. Sem isso, serão presas fáceis.

Infelizmente percebe-se cada vez menos desse discernimento e dessa vontade de preparar os mais novos para um consumo crítico. Isso acabará sendo responsável pela nossa própria derrocada uma ou outra hora.