Opinião, algo muito raro ultimamente. Poucos são os que tem opinião – me refiro a opinião própria, baseada em seus valores, suas reflexões, seus questionamento e análises, e não na opinião da massa ou as que querem que adotemos – e mais raro ainda os que possuem atitude para expressá-la. Ou as pessoas são ferrenhas defensoras das opiniões e ‘reflexões’ da massa ou então se omitem, para não discordar da maioria, que para muitos possuem o pensamento correto, afinal, muitos assim ‘pensam’.
E quando aparece alguém que emite sua opinião, vem o poder injusticiário e promove ações calando ou intimidando.
Escrevo isso em função de uma notícia que li esta semana. A apresentora Ana Maria Braga foi multada em R$ 150 mil por danos morais a uma pessoa com o ofício de juíza (leiam a íntegra).
Pela notícia, a juíza soltou um rapaz que havia agredido e mantido a namorada como refém. O rapaz foi preso, mas a profissional mandou soltar, alegando “bom comportamento”. Aqui vale um parênteses. Como que alguém que agride e sequestra alguém, ainda mais a namorada, pode ser avaliado como possuidor de bom comportamento? Será que na casa da profissional ele poderia morar? Ao sair, voltou a sequestrar a moça, a matou e posteriormente se matou.
É de se imaginar que tal postura gere um algo grau de inconformismo, principalmente quando nos colocamos no lugar dos familiares da moça. E a apresentadora, ao expor sua opinião e incorformismo foi alvo de processo, e perdeu em primeira instância.
Será que agora não podemos mais expor nossas opiniões a respeito das coisas? Será que não posso mais achar errado as coisas? Será que não posso mais discordar do que não concordamos? Será que seremos obrigados a concordarmos com atitudes como essa, pois se discordarmos seremos processados por isso?
E sobre o valor dos danos morais? Qual foi o dano que esta juíza sofreu para receber R$ 150 mil? E o valor que a família da moça recebeu por danos morais, quanto foi? Duvido que tenha sido mais que nada. A vida da moça, que foi morta por uma pessoa avalidada como boa pela juíza, não vale nada. Mas se sentir ‘ofendidinda’ por ter sua decisão publicada (vale ressaltar que as decisões não são sigilosas) isso sim vale R$ 150 mil, e corre bem rápido na justiça.
Que pesos e medidas diferentes hein? A opinião de uma pessoa sobre um fato (liberação do assassino) rende uma punição imensa, enquanto que a morte de uma pessoa em função da decisão de outra pessoa não rende nada.
Pois é, censura não temos no país, somente temos que pagar um alto preço para nos expressarmos, pois agora qualquer um que se sentir ‘ofendidinho’ entra na justiça para nos estorquir exigir danos morais.
Infelizmente muitos políticos (da velha filosofia e postura) também tem adotado tal prática. Eles fazem falcatruas, e se alguém expressa isso, ou demonstra a sua indignação, rapidamente é processado. Como se expressar a verdade nada edificante de uma pessoa passasse a ser um crime.
Sou dos que pensam que, se não quero que falem mal de mim, é necessário que eu faça as coisas certas. Processar alguém que falou algo ruim de mim, mas que é a mais pura verdade, é somente uma tentativa de esconder (inocuamente) sua fraqueza de caráter de si mesmo.
ps. Sei que os juízes somente podem fazer o que está escrito nas leis, e se nela está determinado que deveria soltar, ou havia argumentos que possibilitassem tal decisão, a mesma seria tomada. A minha preocupação é o que estão fazendo com quem se expressa. E também os vários pesos da justiça, que rapidamente conseguiu punir em R$ 150 mil em prol de uma juíza e demora anos para liberar direito de muitos aposentados, danos para os familiares das pessoas que morreram esperando atendimento médico, ou a legalização da sua aposentadoria de um salário mínimo.
6 comentários:
Há muitos anos o grande estadista Churchil já disse que o Brasil não era um país sério e mesmo sendo brasileira devo concordar com ele.
Este é o país da piada, porque tratar criminosos com respeito e cidadãos de bem se fossem bandidos é apenas uma das incoeerências.
Outro dia ouvi na Tv senado um político dizendo em alto e bom som qu nunca devemos gritar na rua : "pega-ladrão" no caso de sermos assaltados porque isto pode gerar cadeia para quem grita. Nunguém pode ser acusado sem antes ser julgado. Pois é!
Parece absurdo, mas é legal, tá na lei. Mas que é IMORAL NINGUÉM DUVIDA.
ABRAÇO
ANGEL
Pois é. Como você muito bem arrematou ao fim do artigo, os juízes cumprem apenas as leis. Se ela tivesse negado o benefício, o meliante o conseguiria numa instância superior e a juíza correria até o risco de ser punida.
Contudo, é importante entender que o erro de Anan Maria Braga foi justamente e de ter colocado a juíza como responsável pela ação (a soltura do bandido).
Já o trânsito rápido do processo é coisa que só acontece quando membros do Judiciário estão envolvidos (assim omo os altos valores).
Como juízes pensam que são seres divinos e estão acima dos humanos mortais (acredite; isso já foi proferido numa sentença), os processos que os envolvem sempre são julgados pelos colegas rapidamente e sempre com indenizações pesadíssimas (claro que sempre em favor deles).
Na prática, o cálculo dos danos morais é baseado na renda do indivíduo. Como os juízes ganham muito bem e, no caso o réu também, um aindenização pesada era previsível.
No mais, só uma demonstração de como a justiça brasileira age quando tem que olhar para o próprio umbigo.
Só para comentar para a Angel; quem disse isso foi Charles DeGaulle.
(rs)
Amigão,
Este caso me lembra Voltaire:"É perigoso ter razão quando as autoridades constituidas estão erradas"
Um abração
Ah sim, a frase que o Brasil não é um pais sério, é atribuida a De Gaulle, mas diz que ele proprio desmentiu esta frase na época que foi atribuida.
Ele disse que nunca disse que o Brasil não era um pais sério, muito pelo contrário.
hehehehehe
Desculpem-me a falha. Acho que na verdade quem disse não importante tanto quanto a frase, mas agradeço a informação.
Se De Gaulle disse ou não também não importa, o fato é que nossos políticos nos fazem acreditar que este é o país da impunidade, das falcatruas, dos desmandos, da ... melhor parar.
Abraço a todos.
Angel
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