Infelizmente neste país quem não tem um plano de saúde está em maus lençóis, pois a única coisa que a saúde pública neste país tem é o fato de ser pública.
Mas quem tem um plano de saúde não deve se alegrar muito, pois o que eles fazem conosco, pobres clientes, é vergonhoso. É um desrespeito tamanho, e as empresas fazem somente o que a lei exige (quando fazem) e qualquer coisa adicional, que poderia ser um atrativo para clientes ou então um claro sinal de respeito, é plenamente ignorado.
Agora o governo fez uma lei extinguindo a carência, permitindo assim que as pessoas tenham maior flexibilidade para mudar de prestadora. Mas – e tudo neste país tem um mas – a regra não contempla quem tem um plano corporativo, ou seja, um plano de saúde vinculado a uma empresa. Sou leigo em leis, mas gostaria de entender o que está sendo avaliado, se é o profissional Carlos, da empresa X, ou se é a pessoa física Carlos, afinal, a doença acomete a pessoa física, e não o profissional de uma determinada empresa. Mas vai saber o que passa na cabeça de quem faz as leis.....
E com esta regra agora quem se ferrou fui eu, que tinha um plano pessoal – com a carência cumprida planemente – e agora migrei para um plano corporativo. Eu somente mudei de tipo, ou seja, a carência da pessoa física já está cumprida, e caso eu queira voltar para o plano particular certamente minha carência estará zerada, mesmo eu permanecendo na mesma empresa, e já tendo cumprido a carência. É muito bom termos legisladores como os nossos, que realmente prezam pelo bem da população.
E além disso, tem o tratamento que recebemos, que realmente é motivador. Como disse acima, eu tinha um particular, e como migrei para um corporativo precisava cancelar o anterior (na minha cabeça bastaria o sistema deles fazer uma transferência de tipo). Pois bem, liguei no final do mês passado e fui informado que cancelamento somente pessoalmente. Disse que a nova regra para o tipo de serviço deles (regulamentado pelo governo, assim como telefonia, cartão de crédito, passagens aéreas...) exigia que a empresa disponibilizasse uma forma de cancelamento por telefone, assim que o cliente solicitasse. Em vão minha argumentação. Perguntei se havia alternativa, e fui informado que não.
Liguei ontem, depois das 17h perguntando até quando eles ficavam abertos, e ficavam somente até 17h30, inviabilizando minha ida (será que eles pensam que todos tem tempo para sair no meio do serviço?). Pois bem, hoje pela manhã fui lá, e informei que cancelaria o meu plano particular e perguntei se eu teria que pagar pelo mês de fevereiro. O atendente me disse que sim, que o serviço é pré-pago, e que até o último dia do mês eu estaria coberto. Eu disse a ele que não queria estar coberto, mas sim pagar somente pelo que utilizei. Então ele pegou o contrato e me disse que a regra era esta, ou seja, que se a solicitação de cancelamento não ocorresse até o final do mês anterior seria emitido uma nova cobrança. Aqui peço ajuda a algum advogado. Quando eu cancelo (que agora pode ser em qualquer momento) eu somente sou obrigado a pagar até o momento em que utilizei o serviço, certo?
Ele continuou dizendo que nada poderia fazer, pois estava no contrato. Eu disse que o contrato não tem valor caso o que esteja escrito seja ilegal. De nada adianta um contrato assinado se tiver uma cláusula obrigando-me a andar pelado pela cidade no caso de cancelamento. Pode estar assinado até pelo papa, mas isso é ilegal, e portanto não é necessário cumprir. Nada, eu ainda tinha que pagar.
Falei que havia ligado ainda no mês anterior, solicitando o cancelamento, e ele me informou que eu poderia ter enviado um email ou um fax (engraçado, quando perguntei isso eles me informaram que o único modo era pessoalmente). Disse então que houve um erro deles, e que devido a este erro eu pagaria a parcela de fevereiro. Reforcei que o erro foi deles, e ele me perguntou se havia alguma comprovação disso. Hahahahahaha, claro que tem né, eu falo com a empresa e imediatamente eles me mandam via email um documento com toda a conversa. Só podia estar brincando. Então ele falou que se fosse o caso eu deveria entrar na justiça e buscar os meus direitos, e que a empresa estava disposta a arcar com a sentença, caso desfavorável. Achei fantástica a postura, sugerindo entrar na justiça.
Para mim isso é o fim da picada. Como pode uma empresa fazer algo ilegal, passar informações erradas, querer cobrar a mais e ainda por cima não reconhecer o erro e querer acertar as coisas de modo civilizado, sugerindo que eu vá a justiça? Que tipo de empresa é essa? Uma empresa que está interessada em atender bem aos seus clientes – que caso não saiba é quem sustenta tudo – ou simplesmente interessada em se enriquecer, e cometer erros sempre a mais e utilizar a morosidade de (in)justiça brasileira para desmotivar seus clientes?
Como pode uma empresa tratar as pessoas assim? E não estou fazendo nenhuma crítica ao atendente, que sempre me tratou com respeito, e certamente fez o que a empresa manda. Ele não podia fazer nada, pois quem manda o treinou assim.
É, parece o ditado “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Não tem para onde correr. De um lado você é mal atendido pelo governo, do outro é mal atendido pela iniciativa privada. E o pior, pagando alto para os dois.
10 comentários:
É isso aí, infelizmente no Brasil somos bem recebidos quando somos clientes em potencial. Quando estamos comprando algo somos todo ouvidos, as pessoas retornam ligações, ligam sem nem mesmo pedirmos mas depois que assinamos o tal contrato parece que viramos inimigos e nossa única serventia é pagar as mensalidades. Engraçado também que quando você procura um plano de saúde te fazem responder um questionário enorme. Perguntam de todos os tipos possíveis e imáginários de doenças e querem saber até de sua genética. Tudo para se certificarem que você será um cliente que trará lucro pois se tiver alguma doença que precise de tratamento prolongado será rejeitado pelo sistema.
Claramente este tipo de empresa visa em primeiro lugar o bem estar próprio e financeiro, em último vem o cliente ou futuro paciente.
Agora, você ainda é jovem, imaginou o que passam os mais velhos nas mãos dessas empresas?
Outro dia fiz meus cálculos.
Se deixar de pagar a eles e fizer um investimento com as parcelas, quando ficar doente poderei pagar médico e hospital particular e ser muitíssimo bem tratado, atendido na hora e muitas outras regalias.
Se todos começassem a pensar assim o que seriam dos planos de saúde?
Engraçado: Planos de saúde.... não deveriam ser Planos de doenças???
Talvez seja porque ele desejam que sempre tenhamos saúde, não no bom sentido, mas no de não ter que usar seus serviços e assim tudo será lucro.
Baijos.
Nunca tive plano de Saúde, mas já passei nervoso por minhas irmãs e até meus pais que tem o plano há mais de 10 anos, realmente é uma falta de educação total com o cliente. Sou Sortuda :) Carlos, faço meu tratamento no público e acho que sou muitas vezes melhor atendida do que se tivesse um plano.
Beijos !!!
realmente é de dar raiva mesmo.
abraços e sucesso
Carlos, acho que o primeiro passo é se informar no Procon de sua cidade, afinal eles estão talvez mais preparados que os advogados, já que é repassado para eles antes de chegar ao grande público. Beijus
Entra na justiça.
Eles contam que você não vai entrar, afinal de contas:
1- Quem trabalha não tem tempo.
2- Quem tem tempo não tem como arcar custas;
3- Poucos efetivamente entram porque dá trabalho e demora.
Logo, mesmo que de cada 1000 apenas 1 entre, ainda assim esses 1000 estarão bancando a indenização do que entrou na justiça.
É a lógica do mercado: enquanto o processo for mais barato que a solução, que soframos processos.
Fala Carlos!!! Não sei se vc conhece mas existe uma empresa chamada Proteste - associação brasileira de defesa do consumidor -(http://www.proteste.org.br), de repente eles pode te dar um assistencia juridica. Infelizmente a situação no Brasil é mto complicada, pagasse mtos impostos e recebe-se mto pouco de volta. É aquele sistema de obter beneficios com o inferno, enquanto tiver inferno obtem-se lucro.
Abraços Garoto!!!
Infelizmente tanto os segurados quanto os médicos ficam reféns dos planos de saúde. O segurado tem que se submeter por não ter assegurado da forma que deveria o direito à saúde (pagar consultas e procedimentos particulares é praticamente inviável para a maioria da população e SUS não existe). O médico tem que se submeter porque a maioria das pessoas não pode pagar particular e se torna escravo dos planos que pagam mal, atrasam pagamentos ou simplesmente não pagam alegando que determinados exames e procedimentos feitos pelo médico eram desnecessários(como se o perito que nem conhece o paciente nem tem a prática da medicina tivesse competência para fazer esse juízo).
Infelizmente é mal necessário.
Como advogada, sugiro que você procure um Juizado de Defesa do Consumidor para resolver isso.
Beijos.
Infelizmente vejo que muitas pessoas passam pelo mesmo que você passou, porém ninguem busca seus direitos, acabam pagando a conta pois é mais comodo do que buscar as medidads legais.
Talvez se houvesse uma movimentação de todas as pessoas indignadas contra as empresas e a justiça de fato fosse mais rápida e punisse com maior severidade as infratoras não teriamos o respeito que buscamos.
Hoje infelizmente respeito não é um direito e sim uma conquista.
IV Arcanjo!
Sabe, Carlos, fico pensando que a gente tem um mínimo de discernimento, um grau de instrução, por vezes, mais elevado que a média e fazem tudo isso conosco. O que não fazem com gente analfabeta ou semi-analfabeta, com velhos, em muitos casos, solitários...isto nos deixa "de cara", envergonhados, constrangidos, porque não tem como se falar em cidadania diante de um quadro destes! O desrespeito à cidadania é flagrante e ainda nos querem fazer crer que o país está em alta porque o pobre já pode comer carne (meu Deus, todos deveriam poder comer carne, tomar leite, passear, isso é um direito e não é um instrumento de propaganda política).Como moro no RS, pra mim, a grande saída para o Brasil está na estrada para Rivera e daí para Montevidéu...rsrsrsrsrs...com direito a "esticar" a Buenos Aires e, quem sabe, a Santiago, Valparaíso, do lado de lá dos Andes...rsrsrs
Um médico alemão, criou uma técnica para a substituição da válvula acometida de "estenose grave" que era o caso e o diagnóstico do meu pai.
Soube de sua vinda ao Brasil, de sua técnica, e do sucesso obrido no hospital Albert Einsten, Dante Pazanete, Moinho dos Ventos e instituto do coração no Rio Grande do Sul. Enviei os exames para o hospital Albert Einsten, pois o dr Perin, havia se encontrado com o médico do meu pai em um Congresso e falado da vinda do dr Eberhard Grube, médico alemão e idealizador da técnica, contudo, os exames voltaram devido à minha situalção financeira, pois não podia pagar e o meu plano especial II, não cobria a internação e nem o procedimento, só sendo aceitos os planos "EXECUTIVO" e acima dele.
Soube que o dr Eberhard Grube estaria em São Paulo, e como eles são muito rigorosos na seleção dos pacientes que podem e devem fazer o procedimento idealiado por ele, eu teria que mandar meu pai para São Paulo, o que eu fiz, no dia 12/04/2009 e o internando no dia 13/04/2009 na Beneficência Portuguêsa.
O pedido de internação , assim como o procedimento "Troca valvar única - valvoplastia" colocação de cateter e exame de Eco, foram aprovados pela Sul América, entretanto, o pedido de material (eu ligava diariamente) desde o dia 24/05/2009 não fora atendido, e todas as vezes que eu ligava, estava em análise por 72 h, equivalente a 3 dias. Da primeira vez o plano pediu ao hospital o seguinte: "FAVOR ENVIAR ESTUDO COMPROBATÓRIO DA EFICÁCIA CLÍNICA FASE III E A APROVAÇÃO PELO PAÍS DE ORIGEM."
Foi enviado documentação com mais de 100 folhas, cujo conteúdo eu não tive acesso, mas fora levado em mãos pela impossibilidade que o Sul América impunha de receber tantas folhas via fax (segundo a funcionária do hospital). Repetindo, eu continuei ligando diariamente para ver o desfecho. Recebi um telefonema de uma pessoa de sexo feminino, dizendo que se eu "podia encerrar o caso" o que eu questionei: eu tenho esse poder? Creio que não , pois é minha espôsa a titular do plano, e perguntei: a Sul América não vai aprovar o material? Ela me respondeu: não, e isso o senhor pode saber junto aos médicos do hospital, pois foram dois funcionários da Sul América e já conversaram com ele.
Passado alguns dias, fui informado que a Sul América, havia dito que não tinha recebido documento nenhum, e mais uma vez fora-lhe enviado, agora, através do moto-boy do hospital. O Dr Eberhar Grube, veio ao Brasil no dia 30/05, e em São Paulo, havia o XXX Congresso de Cardiologia. A equipe do hospital, se propôs a fazer o procedimento até no feriado dia 01/05 (dia do trabalho), mas como não tivemos respostas do plano, o dr Grube voltou para a Alemanha, viajou.
Diante disso, vocês podem imaginar o meu desespero. Meu pai não podia operar a céu aberto pois os médicos me informaram que ele corria sério risco de vida. E agora, como fazer? Descobri o e-mail do dr Grube que me respondeu com muita cordialidade, e eu acho até que fui muito inoportuno, mas era a vida do meu pai que corria risco. Não sabíamos quando ele voltaria ao Brasil, mas tínhamos certeza que ele viria. Soube que tinha o caso de outro paciente no Rio Grande do Sul e que ele viriano dia 11/05/2009. Daí, reacendeu minhas esperanças. Fiquei até o dia 30 ligando para o plano Sul América, e a resposta era sempre a mesma "Está em análise". Eu tinha que tomar uma decisão. Liguei para o hospital e disse o que eu poderia fazer nesse caso, com a vinda do dr Grube e a negativa do plano. O hospital então, através do funcionário "Fernando" da Hemodinâmica, disse-me que eu teria que fazer um cheque de r$103.000,00 (Cento e três mil reais) e ir com ele até o caixa do hospital. Eu não tinha outra alternativa: sai de amigo a amigo e de parente a parente e mais uma poupança que fiz para os estudos dos meus filhos e fiz o cheque.
Meu pai operou com dr Eberhard Grube no dia 11/05/2009, e até hoje a Sul América não tem resposta.
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