Há um tempo atrás escrevi um artigo de nome Quem tem medo do mesmo? onde eu criticava o incentivo à irresponsabilidade das pessoas, a desobrigação delas serem responsáveis por suas próprias vidas e decisões. Citei até algumas coisas que creio que possam vir a ocorrer brevemente.
E façamos um exercício de futurologia nesta área de retirada de responsabilidades. Imagino as seguintes frases nos produtos:
- Porta: “antes de atravessá-la, verifique se a mesma encontra-se aberta”
- Faca: “antes de cortar, verifique se seus dedos não estão embaixo”
- Janela: “não saia por ela caso ela esteja a mais de 1.5m do chão”
- Fogão: “não coloque nenhuma parte do corpo sobre a chama, pode queimar”
Antes e depois de escrever este artigo escutei de pessoas que isso era um exagero meu, que o aviso sobre o 'mesmo' não era assim tão perigoso. Tomo a liberdade então de transcrever uma pequena nota publicada pela revista Época, de 18 de fevereiro de 2008, pág. 26, Primeiro Plano. Segue na íntegra o texto.
Segurança: Vão proibir até o esconde-esconde?
A Corrida de Panquecas, uma tradicional competição infantil que marca o início da Quaresma, é um evento anual que as crianças inglesas adoram. Não há notícia de acidentes acontecidos enquanto algúem corria carregando uma panqueca nos 600 anos da competição. Neste ano, porém, a cidade de Ripon, no norte do país, cancelou a corrida para "garantir a segurança dos participantes". O caso ilustra os exageros que estão sendo cometidos na Grã-Bretanha em nome da segurança. A pressão dos "especialistas em risco" é tamanha que o primeiro-ministro, Gordon Brown, criou uma comissão para eliminar as restrições mais absurdas. Exemplos:
* Uma escola de Carlisle obrigou alunos a usar óculos de segurança industrial para brincar no recreio.
* Outra, de Wilshire, vetou bolos caseiros em aniversários por medo de alergia.
* Atores de peças infantis foram proibidos de jogar doces na platéia para não correr o risco de ferir alguma criança.
* O salva-vidas Paul Waugh foi demitido por quebras as normas de segurança ao descer um penhasco para resgatar uma menina de 13 anos.
E façamos um exercício de futurologia nesta área de retirada de responsabilidades. Imagino as seguintes frases nos produtos:
- Porta: “antes de atravessá-la, verifique se a mesma encontra-se aberta”
- Faca: “antes de cortar, verifique se seus dedos não estão embaixo”
- Janela: “não saia por ela caso ela esteja a mais de 1.5m do chão”
- Fogão: “não coloque nenhuma parte do corpo sobre a chama, pode queimar”
Antes e depois de escrever este artigo escutei de pessoas que isso era um exagero meu, que o aviso sobre o 'mesmo' não era assim tão perigoso. Tomo a liberdade então de transcrever uma pequena nota publicada pela revista Época, de 18 de fevereiro de 2008, pág. 26, Primeiro Plano. Segue na íntegra o texto.
Segurança: Vão proibir até o esconde-esconde?
A Corrida de Panquecas, uma tradicional competição infantil que marca o início da Quaresma, é um evento anual que as crianças inglesas adoram. Não há notícia de acidentes acontecidos enquanto algúem corria carregando uma panqueca nos 600 anos da competição. Neste ano, porém, a cidade de Ripon, no norte do país, cancelou a corrida para "garantir a segurança dos participantes". O caso ilustra os exageros que estão sendo cometidos na Grã-Bretanha em nome da segurança. A pressão dos "especialistas em risco" é tamanha que o primeiro-ministro, Gordon Brown, criou uma comissão para eliminar as restrições mais absurdas. Exemplos:
* Uma escola de Carlisle obrigou alunos a usar óculos de segurança industrial para brincar no recreio.
* Outra, de Wilshire, vetou bolos caseiros em aniversários por medo de alergia.
* Atores de peças infantis foram proibidos de jogar doces na platéia para não correr o risco de ferir alguma criança.
* O salva-vidas Paul Waugh foi demitido por quebras as normas de segurança ao descer um penhasco para resgatar uma menina de 13 anos.
Rodrigo Amaral, de Londres
Será mesmo que a placa pedindo para a pessoa verificar se o elevador está no andar é tão inofensiva? Ou será somente um sintoma dessa paranóia que a sociedade está gerando de transferência da responsabilidade da vida da pessoa da própria pessoa para o Estado?
Estão retirando nossa iniciativa, possibilidade de aprendizado, com os acertos e erros. Daqui a pouco terá lei para nos poupar de qualquer problema ou sofrimento que possa existir nesse mundo. Só estão esquecendo de uma coisa. Estão, com isso, retirando a vida das pessoas também. Estamos retirando nossa liberdade. Já temos sérias restrições de ir e vir (e estar) por causa da violência, estamos numa onda de cerceamento da expressão de opiniões pois qualquer coisa que seja dita e que alguém não goste é motivo para processo. E teremos também a retirada de liberdade de nossas escolhas, aprendizados, responsabilidade.
Não duvido que quem esteja tomando tais medidas esteja fazendo isso pensando no melhor para a sociedade. A minha dúvida é o que eles possuem dentro da cabeça.
Será mesmo que a placa pedindo para a pessoa verificar se o elevador está no andar é tão inofensiva? Ou será somente um sintoma dessa paranóia que a sociedade está gerando de transferência da responsabilidade da vida da pessoa da própria pessoa para o Estado?
Estão retirando nossa iniciativa, possibilidade de aprendizado, com os acertos e erros. Daqui a pouco terá lei para nos poupar de qualquer problema ou sofrimento que possa existir nesse mundo. Só estão esquecendo de uma coisa. Estão, com isso, retirando a vida das pessoas também. Estamos retirando nossa liberdade. Já temos sérias restrições de ir e vir (e estar) por causa da violência, estamos numa onda de cerceamento da expressão de opiniões pois qualquer coisa que seja dita e que alguém não goste é motivo para processo. E teremos também a retirada de liberdade de nossas escolhas, aprendizados, responsabilidade.
Não duvido que quem esteja tomando tais medidas esteja fazendo isso pensando no melhor para a sociedade. A minha dúvida é o que eles possuem dentro da cabeça.
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