Sobre este blog

Este nome é facilmente interpretado como 'Mundo Idiota', o que não deixa de ser, visto que atualmente vivemos em um mundo do TER e pior, do PARECER TER / SER, enquanto o que devemos valorizar é o SER. Mas o nome tem outro motivo. Uma pessoa que defende sua pátria é chamado de patriota, numa analogia a pessoa que defende o mundo seria o MUNDIOTA.
 

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Regulamentação da profissão

Como disse em meu perfil eu estou um profissional da área de informática, área na qual já estou há pelo menos 15 anos, e pude presenciar inúmeras mudanças. É uma área onde mudanças ocorrem a todo momento, mudanças pequenas e mudanças imensas, mudando tudo o que conhecemos e sabemos para outra forma totalmente diferente.

É em função dessas mudanças todas, dessa rapidez, velocidade é uma área altamente desgastante e exigente, pois todos os dias precisamos nos atentar ao que está acontecendo. Claro que todas as profissões têm suas dificuldades, porém creio que são poucas as que têm tantas mudanças e em tão pouco tempo quanto essa.

E para se trabalhar nesta área é preciso ser um profissional com grande conhecimento técnico, com grande adaptabilidade e flexibilidade, capacidade de aprender rapidamente. E certamente experiência ajuda muito também. E com tantos requisitos importantes é de se imaginar que estes profissionais sejam bem remunerados. Ledo engano. Não me refiro aqui a nenhuma empresa em especial, mas sim a este segmento profissional. Se formos analisar tudo o que um profissional desta área precisa estudar, aprender, se comprometer, e compararmos com a faixa salarial, que é baixa, vemos um desvio.

E por que deste desvio? Sei que neste país o salário mínimo é irrisório, que o poder de compra das pessoas também, mas não creio ser este o motivo principal. O que vejo como grande fator é o fato de qualquer pessoa poder ser um profissional desta área. Qualquer adolescente com 14, 15 anos, que estude pela internet pode disputar mercado com qualquer empresa, qualquer profissional que tenha investido muito tempo, dinheiro e estudo em seu aprimoramento. E se o profissional cobrar x, por exemplo, um adolescente pode cobrar x/5, ou x/4, e muito possivelmente ficará com o serviço. E este profissional, qualificado, o que fará? Possivelmente tenha que diminuir o seu real valor para que ele possa ter alguma possibilidade de ganho. E com isso desqualifica todo o seu estudo.

E há solução para isso? Já pensei muito se nossa profissão deveria ou não ser regulamentada, como advogados, médicos, dentistas, arquitetos, engenheiros. Para todas estas profissões existe uma entidade que regulamenta, e ninguém pode exercer a profissão se não for regulamentado. Isso protege os profissionais contra outras pessoas que não fizeram o estudo formal.

Então esta é a solução? Talvez a mais cômoda e fácil, e paternalista. No entanto não é a que creio. Se adotarmos esta política acontecerá o que acontece com as acima mencionadas. Muitas vezes, para qualquer pergunta, esclarecimento o valor cobrado será absurdo, mesmo que seja uma mera informação. E como não temos a quem recorrer, somos obrigado a nos sujeitar. Isso pode criar a mentalidade de classe, de corporativismo, que é muito ruim.

E qual outra solução então? Imagino que seria cobrar responsabilidade de quem presta o serviço, independente de ser um adolescente ou empresa. Qualquer pessoa pode prestar o serviço, para isso basta o conhecimento necessário, que pode ser adquirido por outros meios fora os formais, no entanto todas precisam ser responsabilizadas por suas decisões. Se prometer entregar um sistema, e não entregar, isso deverá gerar uma responsabilização, de aspecto civil, financeiro, ainda não sei. Mas creio que assim poderemos ter realmente os profissionais sérios e competentes atuando no setor, se responsabilizando pelo serviço, dando uma maior certeza da qualidade do que se está sendo comprado. E deste modo também evitaríamos a criação desta ‘casta’ de profissionais, que poderiam inflacionar preços, promover acordos para evitar concorrência, enfim, as práticas já conhecidas por nós.

Voltamos à palavra responsabilidade. Enquanto as pessoas não forem responsabilizadas por suas atitudes e decisões continuaremos a mercê de aventureiros, que tentam a sorte. Se der certo, ótimo, caso contrário, também ótimo, já que ‘não perderam nada’. No entanto quem perde como um todo é a sociedade que fica sujeita a profissionais não qualificados e os profissionais qualificados também, que perdem muitos clientes e ganhos.


Por acaso você já foi prejudicado por algum profissional nada profissional? Foi bom? Pagaria mais por alguém com qualidade e responsabilidade atrelada?

2 comentários:

Tiago Ferreira da Silva disse...

Legal Carlos,

Recebi teu e-mail e vou dar o feedback através da tua página - bem legal, por sinal!

Além da responsabilidade individual do profissional, é importante ressaltar que deve haver uma responsabilidade de mercado, porque a engrenagem precisa pesar numa balança o que trará melhor produtividade ao seu segmento: contratar jovens que aprenderam didaticamente mas não tem um estudo especializado pagando pouco; ou contratar um profissional experiente, estudado e que tem competência para exercício da função?

Aí vem a ética e o bom senso: se quer pagar menos para um inexperiente, vá lá, tenta a sorte. Mas saiba pesar as consequências.

Quando defendi o fim da obrigatoriedade do diploma de jornalismo (http://atemporalizando.blogspot.com/2009/06/o-que-muda-ou-pode-mudar-com-derrocada.html), reiterei a necessidade de uma conscientização dos contratantes e do mercado em si.

Posso ter falado um monte de abobrinhas, mas pluralidade é dar acesso a quem pode produzir conteúdo de boa qualidade e fica restrito com as portas fechadas do mercado.

E outra: se é pra escrever esse monte de baboseiras que estou cansado de ver na grande imprensa (como a Falha de S. Paulo e ditabranda; Organizações Globo candidatando corruptos na presidência como Collor...), pode esperar que o declínio desta profissão está mais próximo do que imaginamos.

Espero estar errado!

Anônimo disse...

Muito bom seu texto, estava lendo sobre Ideologia x Alienação, e vi muitos tópicos legais, e acabei de ler este sobre Regulamentação da profissão, e sou totalmente de acordo com isso, é um absurdo você estudar tanto e se qualificar, e depois ser passada pra trás por "aventureiros", como foi citado no seu texto, e penso também que o "mercado" as empresas no caso, também cobrassem isso, e numa linguagem mais simples, colocassem a cabeça no lugar, e pensassem talvés, num maior lucro e maior numero de cliente por conta dos bons serviços prestados e com "garantia" no diploma, bem, essa é minha opinião, tenho 18 anos e pretendo fazer medicina. bjs