Sobre este blog

Este nome é facilmente interpretado como 'Mundo Idiota', o que não deixa de ser, visto que atualmente vivemos em um mundo do TER e pior, do PARECER TER / SER, enquanto o que devemos valorizar é o SER. Mas o nome tem outro motivo. Uma pessoa que defende sua pátria é chamado de patriota, numa analogia a pessoa que defende o mundo seria o MUNDIOTA.
 

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

O que vi em Interlagos

Neste final de semana fui pela primeira vez ver uma corrida de F1, uma antiga vontade minha. Foi no autódromo de Interlagos/SP.
E nos dois dias que fique lá vi muita coisa, as quais quero partilhar com vocês.

Vi taxistas explorando pessoas, cobrando preços abusivos e muito acima do que realmente ficaria, aproveitando a grande procura. Sei que uma grande procura promove aumento de preços, mas somente quando o preço não é tabelado, como nos taxis. Eles promoviam barganhas entre os possíveis passageiros, e quem desse mais conseguiria o taxi. E quando estavam conversando somente com uma pessoa o preço era extremamente salgado e fora do valor correto. Para se ter uma idéia, fechamos um valor com um taxista em R$ 60,00, sendo que muitos estavam cobrando R$ 80,00 para o mesmo trajeto. E ele deixou o taxímetro funcionando durante todo o trajeto, e o valor que o taxímetro registrou foi de R$ 45,00. Ou seja, ele já ganhou 35% a mais conosco, e os outros então chegariam a quase 100% de ganho extra.

Vi também 'donos' de pedaços de rua, conhecidos popularmente como flanelinhas. Eles cobravam altos valores para que pudéssemos deixar nossos carros na rua, e quando eles preenchiam todos os espaços disponíveis iam embora, sem nenhuma responsabilidade pelo cuidado oferecido por ele e pago por nós.

Vi dezenas de cambistas, comprando e vendendo ingressos próximos aos policiais (que devo ressaltar que eram um bom número), sem a menor preocupação.

Vi centenas de ambulantes vendendo de bebidas e bonés, camisetas, protetores auriculares, binóculos, enfim, tudo relacionado ao evento. Era impossível andar 5 metros sem ser abordado por ao menos um. E obviamente estes produtos eram todos pirateados (exceto bebidas), a compra não recolhia nenhum imposto ao governo. Tudo isso na frente dos policiais, e também sem nenhum constrangimento ou preocupação. Sei que estas pessoas fazem isso para poder ganhar algum dinheiro, para tentar sobreviver. Não as estou questionando ou condenando, mas fico pensando onde foi que o país errou (e nós também) ao não darmos chances para estas pessoas. Por que algumas tiveram chance, e conseguem ver a corrida, e outras não tiveram chance, e tem que vender produtos para sobreviver?

Vi a felicidade embalada em latas de cerveja, pois muitas pessoas só ficavam felizes quando compravam a felicidade embalada, e quanta felicidade embalada eles precisavam comprar para se tornarem felizes.

Vi pessoas sem a menor noção de perigo e respeito pelas vidas alheias ao balancarem uma passarela que dava acesso as pessoas de um lado para o outro, parecendo a ponte do rio que cai (olimpíadas do Faustão), mexendo com a estrutura e colocando a vida de centenas de pessoas em risco. Tudo em nome da felicidade. Era legal!!!

Vi um preço abusivo em tudo o que era vendido. Um simples espetinho (de 5 ou 6 pedaços) sendo vendido a R$ 6,00. Vi um copo de refrigerante sendo vendido a R$ 5,00. Sem contar a desvalorização cambial que faziam com os estrangeiros.

Vi uma excepcional escola de palavrões, ofensas, intolerâncias. Realmente o curso é intensivo e quem se dedicar um pouquinho só ficaria expert nestas 'qualidades'.

Vi brincadeiras de mal gosto, desrespeito às pessoas, principalmente as mulheres. Não fisicamente, mas verbalmente.

Vi pessoas fazendo bolinhas de papel e atirando em quem estava mais em baixo. Sei que isso não machuca ninguém, no entanto isso demonstra o desrespeito de quem atira, pois esta pessoa deve se achar melhor do que a outra e detentora do direito de tentar atingi-la.

Vi omissão de pais, que vendo filhos pequenos, de 8 ou 9 anos, fazerem bolinhas de papel e atirando nos outros não falavam nem faziam nada, afinal, 'todo mundo' estava jogando.

Vi a demora que era para as pessoas venderem a cerveja, pois elas tinham que abrir a lata e despejar o conteúdo em copos descartáveis, tornando o processo mais lento. Mas por que isso? Ora, se o pessoal atira bolinhas de papel, será que não atirariam latas de cerveja? Isso só foi adotado por culpa das próprias pessoas, que não se dão conta de quanto estão perdendo com cada atitude dessa.

Vi pessoas sem noção, pois com todo mundo sentado todos veriam a corrida do mesmo modo, mas quando um 'espertinho' levanta, todos os outros que estão atrás e ao lado também precisam levantar, então todos ficavam em pé o tempo todo, vendo exatamente a mesma coisa se estivéssemos sentados.

Vi uma imensa vontade das pessoas de se comportarem mal, pois tenho certeza que todas sabem se comportar bem, pois se estiverem em alguma reunião com o dono de uma empresa, futuro sócio, autoridade policial certamente as pessoas saberiam como se portar. Então o que faltava não era conhecimento de como se comportar bem, mas sim desejo de se comportarem mal.


Mas Carlos, e a corrida? Ah sim, ia me esquecendo.... Tinham alguns carros, muito barulho, e teve um vencedor. Mas isso vocês conseguem ver nos sites especializados.

Um comentário:

Unknown disse...

Não sei se te elogio, ou te critico...
Ou você é muito inocente, ou muito pessimista (ou realista, ou chame do que quiser...), hehehehe.
Todas essas coisas são (e eu sei que você não gosta dessa definição) naturais, ou normais, Leda.
Se você foi assistir um dos maiores espetáculos esportivos do mundo esperando encontar pessoas educadas, comportadas, justas, honestas, honradas e dignas... sinto muito, mas você é muito inocente. Nem no seu dia-a-dia você encontra isso...
Como eu já te disse (acho) o Egoísmo é a religião do século.
abração mano, e continua firme que o blog tah dahora...