Estamos cada vez mais construindo uma sociedade com papel, e como é de se imaginar, ficando cada vez mais frágil.
Se um carro for construído de papel, ou uma casa, poderá até ser visualmente interessante, chamar a atenção, no entanto em pouco tempo virá abaixo, qualquer intempérie “destruirá” tudo o que foi construído. E é assim que está sendo construída nossa sociedade.
Há um bom tempo o que é valorizado são os papéis (de celulose) que as pessoas adquirem ao longo da vida, e não o conhecimento, o raciocínio, o desejo de melhorar, a criticidade, a busca da melhoria contínua.
Basta entrarmos em qualquer sala de aula, de pós graduação, de faculdade, de cursos de extensão que vemos claramente aquelas pessoas que estão lá para pegar o papel. Muitas vezes somente vão até a sala para assinarem a lista de presença e depois somem, outras vezes pedem para seus “amigos” assinarem a lista, quando estão presencialmente na sala de aula estão ausentes de mente, ou então ficam atrapalhando a aula, mas certamente ao final do curso estarão lá com seu lindo papel em mãos, exibindo-os muitas vezes nas paredes de seus escritórios. E olha que alguns trabalhos de conclusão de curso são comprados.
Mas o pior não é isso, o pior é que a sociedade valoriza estes papéis. Se você for buscar emprego, será que aquele candidato que possui pós graduação, cursos de extensão e treinamentos terá menos chances do que outro candidato, que de fato sabe bem mais, porém nunca foi atrás dos papéis mas sim do conhecimento e competências?
Creio que a maioria vai olhar somente os papéis (isso não dá trabalho para analisar, um simples sistema de computador consegue analisar isso) e desprezar completamente a postura da pessoa, seu comprometimento, seus conhecimentos.
E o resultado disso, empresas mais frágeis, produtos mais frágeis, no entanto embalagens lindíssimas, propagandas fantásticas, afinal, foi isso que aprenderam, que podem ser do modo que forem, porém se usarem lindas embalagens, escrever nesta embalagem todos os “benefícios” que se obterá com este produto certamente as pessoas se encantarão e comprarão. Aí, quando descobrirem que o produto não era tudo o que estava na embalagem já será tarde, já se terá investido todo o tempo e dinheiro que possuíam, e aí é se “acostumar” com o que se adquiriu.
Como diria nosso ex-presidente “nunca na história deste país se teve tantas pessoas com diplomas”, mas posso dizer também que nunca na história deste país houve tão poucos profissionais, tão poucas pessoas valorosas, tão poucas pessoas compremetidas com o serviço, as pessoas e a sociedade.
Digo que pessoas sem instrução alguma e sem ferramentas construíram Machu Picchu, as pirâmides do Egito, e olha que isso foi há muito tempo, estão de pé até hoje e nos desafiam até hoje de como conseguiram. E hoje, nossa sociedade “evoluída” não consegue construir uma parede reta nas casas e apartamentos. Facilmente encontramos tudo torto, coisas que até leigo olhando percebe, mas nossos profissionais, com “papéis”, não conseguem fazer.
Mas a culpa não é das pessoas. É claro que elas compram a idéia, e poderiam não comprar, no entanto se compram a idéia é porque tem alguém vendendo isso, e são as empresas. São elas que optam pelos papéis, que dão mais chance a quem tem mais destes papéis, que muitas vezes criam recompensas financeiras pela quantidade de papéis, muitas pessoas nada verão de errado nisso, afinal, é “assim que é”.
Que nossa sociedade valorize o conhecimento, e não o papel.