- Menino, pára quieto!
- Menino, vê se sossega!
- Esse menino tem um pique louco!
- Quanta energia!
Estas são algumas frases utilizadas pelos pais sobre seus pimpolhos. Crianças que ficam o tempo todo pulando, correndo, gastando uma energia que aos nossos olhos parecem não ter fim. Quantas vezes pensamos "ai, quem me dera ter a energia dele".
Penso a respeito deste assunto, desta energia que as crianças tem e que invejamos. E creio que esta idéia que eles possuem mais não é bem verdade. Divagarei um pouco mais a respeito antes de prosseguir na análise.
Vejo também os velhos (uso o termo velho pois para mim o que importa não é o termo a que nos referimos, mas sim como os tratamos). Há velhos com uma energia incrível, de dar inveja em nós, e outros que não possuem energia nem para sair da cama. Como isso é possível?
Eu creio que assim como todo dia cada ser humano ganha sempre 24h, ele também ganha uma quantidade de energia. Essa quantidade de energia é igual para todo ser humano, independente de faixa etária. Chamarei esta energia que cada ser humano recebe de presente de "Enervida".
Vamos usar, para efeitos de compreensão, uma quantidade de 10.000 enervidas para cada ser humano diariamente.
Tudo o que fazemos utiliza energia, tudo o que pensamos também. E cada ação nossa, cada pensamento nosso consome um pouco desta energia. Cada pensamento nosso, bom ou ruim, consome energia. E esta energia consumida não é possível ser resgatada. Utilizou, é necessário esperar o próximo dia.
Se isso é verdade, então por que as crianças demonstram tanta energia enquanto que os adultos não? Simples, pelo fato das crianças não gastarem energia se preocupando com as coisas, se preocupando com o que os outros vão achar, se estão ridículo ou não. Simplesmente optam por viver, então usam 100% da energia neste intuito.
E nós, os adultos, aprendemos que devemos gastar nossa energia com inúmeras preocupações, com o salário, com as contas, com o marido / esposa, com os filhos, com os pais, com o emprego, com o futuro, com como os outros nos veem, em como se portar perante os outros, em como causar boas impressões. "Aprendemos" que existimos enquanto estamos preocupados, e por isso passamos sempre nos preocupando. E a cada preocupação é uma quantia destas 10.000 enervidas que se vão, em vão. Quanto mais preocupações temos, mais consumimos enervidas, e consequentemente menos sobra para viver, para nos divertir, para fazer o bem.
Isso pode ser entendido também sobre os velhos. Já repararam que os velhos cheios de pique, que fazem inúmeras coisas não são de reclamar? Sabem de suas limitações mentais e físicas, no entanto não gastam suas enervidas reclamando mas sim as aproveitando para fazer coisas que lhes dêem prazer, que proporcionem vida. Eis a diferença dos velhos que nunca tem energia. Normalmente estes reclamam da idade, do que perderam, do que não podem mais, ao invés de aproveitarem o que podem fazer. E nestas reclamações a única coisa que ocorre é que gastam todas as suas enervidas em algo destrutivo.
Isto é apenas uma teoria minha, no entanto para mim ela explica muito bem as "diferenças" entre as pessoas. As "diferenças" não existe na quantidade de energia disponibilizada, no entanto em como a utilizamos. É similar ao tempo (24h). Cada minuto perdido em uma ação não construtiva não pode ser recuperado. Pessoas que nunca tem tempo na verdade são pessoas que mais disperdiçam o tempo em coisas que não fazem bem, e pessoas que sempre tem um tempo para ajudar são aquelas que melhor administram o tempo, e evitam disperdiçá-lo.
Que passemos então a cuidas também das nossas enervidas, pensando nas melhores atitudes e comportamentos possíveis para utilizarmos esta energia, pois se mal utilizada ela estará perdida, para sempre.