Sobre este blog

Este nome é facilmente interpretado como 'Mundo Idiota', o que não deixa de ser, visto que atualmente vivemos em um mundo do TER e pior, do PARECER TER / SER, enquanto o que devemos valorizar é o SER. Mas o nome tem outro motivo. Uma pessoa que defende sua pátria é chamado de patriota, numa analogia a pessoa que defende o mundo seria o MUNDIOTA.
 

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Quem tem medo do mesmo?

Você tem medo do mesmo? Já o encontrou em algum lugar? O que fez quando o encontrou?

Se você não está entendendo nada do que estou escrevendo, estou usando uma frase que certamente já conhece. Eis a frase “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar”.

Pois bem, aí está o mesmo a quem me referia. Fico imaginando como deve ser mau este mesmo, já que eu preciso olhar no elevador para ver se este tal de mesmo já está no andar. Pô Carlos, mas você está de brincadeira né? Mesmo é um pronome reflexivo, que na supracitada frase refere-se ao elevador. A frase pede para eu me certificar se o elevador está parado no andar em que eu estou, e somente depois desta certificação me deslocar em direção a ele.

Sei disso, mas isso não preocupa você? A existência desta frase, ou melhor, da lei que obriga a afixação desta frase em todos os elevadores não o preocupa? A mim me preocupa em muito.

Você já parou para pensar no que originou esta lei? Por que há esta obrigação? Afinal, toda pessoa sabe que é necessário ter o elevador para que possa se deslocar em direção a ele. E se toda pessoa sabe disso, então por que afixar algo deste porte? O que eu imagino é que fazem isso para evitar processos por parte de familiares de pessoas que eventualmente queiram descer de um modo mais rápido. Pois se quiserem processar não teriam argumentos legais já que a pessoa foi avisada da necessidade.

E é este o ponto que me preocupa. A ‘desobrigação’ das pessoas se serem responsáveis por seus atos. Toda pessoa, com o mínimo de instrução, noção de altura, de perigo, de força de gravidade, de conhecimento dos limites do próprio corpo sabe que possivelmente uma queda de uma altura razoável pode ser o suficiente para a morte. Não consigo imaginar uma pessoa sem estas noções. E se a pessoa não tem a noção, tem que aprender. Tirar a responsabilidade das pessoas somente piora as coisas.

Mas Carlos, isso é somente um aviso, que mal tem? O mal não é este aviso, mas sim a criação desta idéia, sua possível propagação. E não preciso de muito esforço para mostrar outros exemplos. Você já leu a instrução que está dentro da parte dobrada de um pacote de pipoca para microondas? Está escrito que é necessário retirar a embalagem plástica que o envolve. Agora use um pouco de raciocínio lógico. Como é possível eu ler algo que está do lado interno de uma embalagem, onde pede para eu retirar a embalagem, sem retirar a embalagem? Aceito sugestões....

Então por que tem esta mensagem? Será que é para ninguém processar a empresa por ter colocado a pipoca junto com a embalagem e não ter dado certo?

Será que eu não tenho que ser responsável por saber como funciona?

Outro caso. Quantos casos você já viu de fumantes recebendo grandes indenizações das empresas tabagistas por causa dos estragos que o cigarro fez? O que eu acredito é que nenhuma empresa colocou uma arma na cabeça de ninguém obrigando a fumar a vida toda. As pessoas são livres para tomarem suas decisões, e neste caso elas optaram por fumar, por acabarem, lentamente, com sua saúde. Tomaram sua decisão. Então por que requerer indenização? Vejo o pagamento de indenizações a estas pessoas como um incentivo à irresponsabilidade. Já que se sou irresponsável e alguém pagará por isso, por que ser responsável?

E façamos um exercício de futurologia nesta área de retirada de responsabilidades. Imagino as seguintes frases nos produtos:

- Porta: “antes de atravessá-la, verifique se a mesma encontra-se aberta”
- Faca: “antes de cortar, verifique se seus dedos não estão embaixo”
- Janela: “não saia por ela caso ela esteja a mais de 1.5m do chão”
- Fogão: “não coloque nenhuma parte do corpo sobre a chama, pode queimar”

E por aí vai.

Infelizmente isso que escrevi pode ser verdade amanhã, se nossa sociedade continuar a passar a mão na cabeça das pessoas que tiveram atos irresponsáveis, enquanto buscarem a culpa ou responsabilidade em outras pessoas, e não nas suas próprias decisões.

Com esta mentalidade cada vez mais culparemos o governo por nossos fracassos, a escola pela má educação de nossos filhos, nossos vizinhos pela bagunça no condomínio. Não que eles jamais tenham nenhuma parcela de responsabilidade, mas nós, certamente, temos muita, e fugir delas não traz benefícios a ninguém.

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